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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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trans-individual de fantasia — a fantasia da “cena primal”<br />

na qual se escuta ou se vê o intercurso <strong>dos</strong> pais —<br />

forma uma textura superficial, tecida a partir do lixo tecnológico<br />

<strong>dos</strong> elementos culturais americanos cotidianos”.<br />

Penley demonstra como essa fantasia é incorporada<br />

ao paradoxo do círculo vicioso do tempo que estrutura<br />

a narrativa do filme: se John Connor não tivesse<br />

mandado Rees de volta para proteger Sarah, eles não<br />

teriam se encontrado e feito amor, ele não teria sido<br />

concebido e assim por diante. Essas fantasias de origem<br />

não são, naturalmente, restritas ao fantástico ou<br />

ao horror. Mas esses gêneros são talvez particularmente<br />

bem adapta<strong>dos</strong> para fazê-las agir, quando mais não<br />

fosse, por causa da oscilação na identificação que elas<br />

exigem. Seu desconfortável apelo consiste no fato de<br />

que o que aparece agora como estranho e amedrontador<br />

acaba sendo algo que, em certo sentido, nós já sabemos<br />

— nós temos um sentimento de “ir em direção<br />

ao início”, como diz Penley. Eles são estranhos no sentido<br />

definido por Freud em seu ensaio sobre o tema,<br />

publicado em 1919. Eles pertencem “àquela classe do<br />

amedrontador que leva de volta ao que é há muito tempo<br />

conhecido e ao que é, já, há muito tempo familiar”;<br />

isto é, algo “há muito estabelecido na mente”, mas “alienado<br />

dela apenas através do processo de repressão”<br />

(FREUD, 1985, p. 373). Estamos lidando não com “qualquer<br />

coisa que seja radicalmente diferente de mim” de<br />

Jameson, mas com algo aterradoramente familiar.<br />

Ao invés de tentar decodificar quais ansiedades<br />

sociais e psíquicas reprimidas são simbolizadas na<br />

figura do monstro, a questão transforma-se, pois, em<br />

saber como a narrativização da fantasia produz o frisson<br />

do estranho. Não obstante, o ensaio de Freud dá,

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