Pedagogia dos monstros - Apresentação

Recommendations

Info

Esse sistema postula uma boa distância entre os diferentes pólos da estrutura. Se essa distância se altera, produzem-se anomalias e novas formas podem surgir: se a divindade, ou os poderes sobrenaturais, se aproximam demasiado da humanidade, se se cruzam com o homem, podem nascer monstros teratológicos; se a animalidade invade a humanidade, surgem monstros fabulosos” — centauros, sátiros, cinocéfalos, homens selvagens’. 2 Uma aproximação excessiva entre a Natureza e o homem resulta — nesta perspectiva antropológica — num desregramento da cultura, tal como o contacto directo, sem mediações (rituais ou sacrificiais), entre os homens e os deuses. Em ambos os casos (visto os animais encarnarem sempre os poderes sobrenaturais), é a intervenção divina que se manifesta na monstruosidade do corpo humano. E é por essa razão que constitui um sinal anunciador, uma mensagem divina, um “augúrio”. Assim o monstro surge por aproximação do que deve ser mantido à distância (divindade/homem; natureza/homem). Além destas duas, outras combinações são possíveis: pode-se dar um cruzamento entre raças monstruosas (elas próprias resultado de uma aproximação excessiva entre cultura e natureza) e nascimentos teratológicos individuais. É ao que se assiste na aurora da Renascença quando a crença nas raças declina ao misturar-se com o interesse nascente pelos corpos humanos monstruosos: nascem porcos com cabeça humana (Sébastien Brandt), homens com asas ou com cabeça de elefante (Aldrovandi). Certos traços das raças rebatem-se sobre os indivíduos que passam a possuir as características daquelas, 171
172 o que corresponde a uma presença mais forte (do que a normal) da divindade na natureza. A Idade Média tarda a passar: na iconografia, o desaparecimento das raças monstruosas faz-se progressivamente, como se à difícil transformação da humanidade do homem devesse corresponder uma igual dificuldade no seu referente inverso. Como se uma nova forma para essa humanidade exigisse um tempo de transição e de “muda”: porque é nos períodos transitórios, de intensa mudança “cultural”, que surgem as mais variadas aberrações. Representemos sumariamente a estrutura das “distâncias” que determinam os tipos principais de monstruosidade: Esfera sobrenatural Divindade Monstros teratológicos Cultura Homem-porco, Humanidade Homem-elefante, etc. Natureza Animalidade Centauros, sátiros
Page 3 and 4:
Pedagogia dos monstros Os prazeres
Page 5 and 6:
James Donald Ian Hunter Jeffrey Jer
Page 7 and 8:
Agradecimentos Sou gratíssimo ao e
Page 9 and 10:
165 Metafenomenologia da monstruosi
Page 12 and 13:
“Senhoras e senhores, lamentamos
Page 14 and 15:
eflexões e de seus atos, que seus
Page 16 and 17:
concebido como sendo constituído d
Page 18 and 19:
fronteiras é magnificamente ilustr
Page 20 and 21:
NOTAS 1 O livro original de James D
Page 23 and 24:
O que proponho aqui, como uma prime
Page 25 and 26:
literal — medo, desejo, ansiedade
Page 27 and 28:
egistro social. No recente sucesso
Page 29 and 30:
espécie de terceiro termo que prob
Page 31 and 32:
O processo pelo qual a exageração
Page 33 and 34:
Morus, um monstro, “seu corpo def
Page 35 and 36:
(Natural History, 2.80). Essas dife
Page 37 and 38:
diferença transforma-se em outro
Page 39 and 40:
aliado bakhtiniano do popular. A pa
Page 41 and 42:
da proibição existe para demarcar
Page 43 and 44:
do “diferente” e, de outro, o s
Page 45 and 46:
na Inglaterra na época em que o fi
Page 47 and 48:
Permite-se que, por meio do corpo d
Page 49 and 50:
inocência corporal, onde o homem,
Page 51 and 52:
uma perigosa fascinação. Uma cert
Page 53 and 54:
proibidos recantos de nossa mente,
Page 55 and 56:
8 A discussão da implicação do m
Page 57 and 58:
principal”. Veja Harris, 1993, p.
Page 59:
Liberdade bem-regulada James Donald
Page 62 and 63:
64 social mas também a plena expre
Page 64 and 65:
66 colocam em funcionamento uma rat
Page 66 and 67:
68 criança para a independência e
Page 68 and 69:
70 mas um ponto de vista crítico a
Page 70 and 71:
72 casos, as capacidades e as regra
Page 72 and 73:
74 Meister aprende em suas atribula
Page 74 and 75:
76 podem mediar e transcender os do
Page 76 and 77:
78 Wollstonecraft vai além de Rous
Page 78 and 79:
80 repressão, a alienação e o au
Page 80 and 81:
82 natureza da própria criança”
Page 82 and 83:
84 apenas negam a impossibilidade d
Page 84 and 85:
86 mitológicas do que a ideologia;
Page 86 and 87:
Cheios de si, cheios de medo: os ci
Page 88 and 89:
92 Na leitura de Andreas Huyssen, a
Page 90 and 91:
94 — um organismo cibernético,
Page 92 and 93:
96 um escrutínio constante de noss
Page 94 and 95:
98 satisfeitos apenas ao preço da
Page 96 and 97:
100 extensão de nossa compreensão
Page 98 and 99:
102 o suposto “fracasso” das ga
Page 100 and 101:
104 de manter a forma verbal do tí
Page 102 and 103:
106
Page 104 and 105:
108 Otto Rank. Ele tomou como ponto
Page 106 and 107:
110 — independente. Quanto a Drá
Page 108 and 109:
112 ajudam a definir as fronteiras
Page 110 and 111:
114 para a análise do cinema é qu
Page 112 and 113:
116 trans-individual de fantasia
Page 114 and 115:
118 ansiedades de Freud e suas pró
Page 116 and 117: 120 tem isso em comum com o fantás
Page 118 and 119: 122 e terror. Como o estranho, seus
Page 120 and 121: 124 irracionalidade que faz parte d
Page 122 and 123: 126 Outro é habitado pelas figuras
Page 124 and 125: 128 de Proust, juntamente com o de
Page 126 and 127: 130 forma que o sublime sugere uma
Page 128 and 129: 132 porque se inventa, porque se in
Page 130 and 131: 134 O demonologista divide o mundo
Page 132 and 133: 136 seu oposto polar: uma demanda p
Page 134 and 135: 138 formas de cálculo e mobilizaç
Page 136 and 137: 140 7 Sobre a visão de cultura pop
Page 138 and 139: 142
Page 140 and 141: 144 Tirando proveito das genealogia
Page 142 and 143: 146 Esta dupla manobra teórica —
Page 144 and 145: 148 aderência programática são,
Page 146 and 147: 150 cristã-platônica. Donald est
Page 148 and 149: 152 fórmula abstrata, inscrita sob
Page 150 and 151: 154 persigam em todas as épocas ou
Page 152 and 153: 156 antes esotéricas foram adotada
Page 154 and 155: 158 transmissão radiofônica e tel
Page 156 and 157: 160 econômicas e as rivalidades mi
Page 158 and 159: 162 ampliar uma esfera pública rad
Page 160 and 161: Metafenomenologia da monstruosidade
Page 162 and 163: Neste fim de século, os monstros p
Page 164 and 165: Excepto que, para nós, se trata de
Page 168 and 169: Esta estrutura constitui parte de u
Page 170 and 171: oposição, a crença na “necessi
Page 172 and 173: doença e do que a morte (pois é n
Page 174 and 175: Mais profundamente, o corpo teratol
Page 176 and 177: mim vista pelo outro corpo, de outr
Page 178 and 179: monstros como se, ao construí-los
Page 180 and 181: Referências bibliográficas APPIGN
Page 182 and 183: CLOVER, Carol. Men, women, and chai
Page 184 and 185: FRIEDMAN, John Block. The monstrous
Page 186 and 187: JONES, Ken. Right turn: the conserv
Page 188 and 189: OVIDIO. Metamorphoses. Cambridge: H
Page 190 and 191: ______. “It’s only natural: ret
Page 192 and 193: Autores Ian Ian H HHunter H unter
Page 194 and 195: A arte e o artista da capa A capa r
show all

Pedagogia dos monstros - Apresentação

Create successful ePaper yourself

Delete template?

Save as template?