Pedagogia dos monstros - Apresentação
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Outro é habitado pelas figuras da loucura, da sexualidade,<br />
da morte e do diabólico. Esse espaço se situa<br />
entre o discurso e o inconsciente, e essas figuras se<br />
tornam visíveis na forma de uma linguagem não-discursiva<br />
que transgride seu limite e invade o espaço<br />
do discurso e da racionalidade. Embora elas nos pareçam<br />
familiares (nós as vimos no romance gótico,<br />
no melodrama e no filme de horror), é a forma de<br />
enunciação que é importante aqui. Na escrita nãodiscursiva,<br />
a linguagem assume uma opacidade, um<br />
“peso ontológico”, que subverte a transparência da<br />
linguagem discursiva. É no pli ou na dobra criada<br />
pela linguagem não-discursiva que o sublime pósmoderno<br />
é constituído. 4<br />
Foucault e Kristeva estão menos inclina<strong>dos</strong> a invocar<br />
demônios populares tais como Frankenstein e<br />
Drácula, zumbis e grandes criminosos, <strong>monstros</strong> e<br />
blade runners, do que o panteão modernista formado<br />
por figuras tais como Nietzsche, Dostoievski, Artaud,<br />
Blanchot, Bataille, Céline e Klossowski. Embora a tradição<br />
popular do horror e do terror incline-se em direção<br />
ao abjeto, ao transgressivo, ao sublime, sua<br />
representação como uma narrativa moral ou um melodrama<br />
a coloca diretamente ao lado da cultura de<br />
massa moralista, do kitsch pequeno-burguês. Em um<br />
artigo da metade <strong>dos</strong> anos 70, Kristeva admitiu seu<br />
apelo — “do mais ‘sofisticado’ ao mais ‘vulgar’, não<br />
podemos resistir aos vampiros ou aos massacres <strong>dos</strong><br />
filmes de faroeste”. Além disso, nesses filmes, “quanto<br />
mais tolo, melhor” porque o tiroteio de um filme<br />
rotineiro de faroeste ou a “alternância entre o horror<br />
e a estilização que se encontra nos filmes pornográficos”<br />
pode conter, tanto referencialmente quanto