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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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de Proust, juntamente com o de artistas como Fuseli,<br />

Friedrich, Delacroix, Malevich, os expressionistas alemães<br />

e De Chirico. (Assim, se meu sublime “popular”<br />

puder se insinuar em algum lugar, será aqui).<br />

A novatio — o genuíno sentimento sublime — apresenta<br />

o irrepresentável na própria forma, enfatizando<br />

“o aumento do ser e o júbilo que resulta da<br />

invenção de novas regras do jogo, seja ele pictorial,<br />

artístico ou outro qualquer”, indo, assim, contra<br />

Proust, Joyce e, nas artes visuais, Cézanne, Picasso e<br />

Braque, Lissitsky, Mondrian e Duchamp. Essas obras<br />

de novatio são pós-modernas não porque elas se ajustam<br />

a alguma periodização artístico-histórica, mas<br />

porque elas recusam a tendência institucional da arte<br />

a domesticar o sublime.<br />

Por que todo esse barulho pós-modernista sobre o<br />

sublime? Ele não serve apenas para elevar o anseio<br />

modernista pela novidade a princípio estético? Para<br />

Lyotard, claramente não — como indica seu deslocamento<br />

da força da oposição sublime/belo na novatio e<br />

na nostalgia. Para ele, o belo se sustenta apenas como<br />

um termo ofensivo com o qual se pode repreender<br />

Habermas e seus sonhos sobre a arte como uma força<br />

culturalmente terapêutica. A implicação é que o sublime<br />

de Lyotard tem sempre uma dimensão política<br />

tanto quanto uma dimensão estética. Isto é evidente<br />

no torturante apelo ao final da Condição pós-moderna<br />

por “uma política que respeite tanto o desejo por justiça<br />

quanto o desejo pelo desconhecido” (LYOTARD,<br />

1984, p. 67). Aqui o “desejo pelo desconhecido” é o<br />

sublime político que contrasta com o desejo utópico<br />

de Habermas por legislar a boa sociedade.

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