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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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do heimlich e do unheimlich realçam a fragilidade de qualquer<br />

identidade que seja formada a partir da abjeção.<br />

A partir daqui, um outro movimento pode sugerir<br />

o que está em jogo politicamente em repensar o popular<br />

através do sublime. Embora Gramsci (1971, p. 276)<br />

tivesse em mente a “crise de autoridade” do fascismo,<br />

nos anos 30, quando observou que ele “consiste precisamente<br />

no fato de que o velho está morrendo e o novo<br />

ainda não pode nascer; neste interregno, aparece uma<br />

grande variedade de sintomas mórbi<strong>dos</strong>”, ele poderia<br />

estar descrevendo os aspectos sombrios da cultura popular<br />

que estive examinando aqui. A concepção de crise<br />

de Gramsci também lembra o sublime de Lyotard na<br />

medida em que ambos apontam para a forma pela qual<br />

categorias e identidades políticas estabelecidas entram,<br />

periodicamente, em colapso: “as grandes massas se tornaram<br />

separadas de suas ideologias tradicionais, e elas<br />

não mais acreditam no que anteriormente acreditavam”<br />

(THEWELEIT, 1987). É esta dissolução das fronteiras e<br />

das identidades que produz os “sintomas mórbi<strong>dos</strong>”.<br />

O “sublime” de Lyotard e a “crise” de Gramsci<br />

corroem o status da “identidade” ao mostrar que todas<br />

as alegações para falar em nome do “povo” ou do<br />

“indivíduo” ou da “classe” são asserções e justificações<br />

de um modo particular de autoridade. Ao alegar<br />

que representam a forma política conhecida de autoridade,<br />

isto é, sua identidade, elas se antecipam às negociações<br />

agonísticas que deveriam sustentar a<br />

aspiração à comunalidade. Desse ponto de vista, “identidades”<br />

novas, melhoradas, não propiciam nenhuma<br />

alternativa real aos imperativos radicais de uma cultura<br />

política normativa. Assim poderia uma política popular<br />

aprender, talvez, com Lyotard, a encontrar novas<br />

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