Pedagogia dos monstros - Apresentação
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horror e a limiaridade. A abjeção é aquilo que não<br />
“respeita fronteiras, posições, regras”, aquilo que revela<br />
a “fragilidade da lei”, é o “lugar no qual o significado<br />
entra em colapso” (KRISTEVA, 1982, p. 4). Tal<br />
como o estranho de Freud, e diferentemente da concepção<br />
do mal de Jameson como “tudo aquilo que é<br />
radicalmente diferente de mim”, trata-se de uma<br />
ameaça íntima e necessária:<br />
Podemos chamá-la de fronteira; a abjeção é, sobretudo,<br />
ambigüidade. Porque, embora solte uma amarra,<br />
ela não separa radicalmente o sujeito daquilo que<br />
o ameaça — pelo contrário, a abjeção reconhece que<br />
ele está sob um perigo constante. Mas também porque<br />
a abjeção é, ela própria, uma combinação de<br />
julgamento e afeto, de condenação e desejo, de signos<br />
e impulsos (KRISTEVA, 1982, p. 2).<br />
A afinidade entre o abjeto e o sublime está no fato de<br />
que nenhum <strong>dos</strong> dois tem um objeto representável, que<br />
ambos perturbam a identidade, o sistema e a ordem:<br />
O objeto “sublime” dissolve-se no êxtase de uma<br />
memória sem fundo... Não — de modo algum —<br />
carente de percepção, mas sempre com e através da<br />
percepção, o sublime é algo adicionado, acrescentado,<br />
que nos expande, consome-nos e faz com que estejamos<br />
tanto aqui, como dejectos, quanto lá, como<br />
outros e cintilando. Uma divergência; uma limitação<br />
impossível (KRISTEVA, 1982, p. 12).<br />
O trabalho de Foucault sobre exclusão e transgressão,<br />
escrito, em grande parte, nos anos 60, também tocou<br />
em aspectos do sublime. Tal como Kristeva, ele usa<br />
um modelo espacial do Mesmo e do Outro, no qual o<br />
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