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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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96<br />

um escrutínio constante de nossas inerentemente difíceis<br />

relações com nossos filhos e com outros adultos<br />

bem como um julgamento constante de suas<br />

conseqüências para a saúde, o ajustamento, o desenvolvimento<br />

e o intelecto. A tensão gerada pela distância<br />

entre a normalidade e a realidade prende nossos<br />

projetos pessoais, de forma inseparável, ao conhecimento<br />

especializado [expertise] (ROSE, 1990, p. 208).<br />

Nessa dança lingüística sobre o que ocorre nas transações<br />

entre a cibernética e o organismo — toda essa<br />

internalização, emergência, promoção, construção, ativação,<br />

instalação, estabelecimento, pressão e amarração<br />

— fica, alguma vez, claro como, exatamente, as<br />

normas sociais orientam a textura da experiência e<br />

como elas são transformadas nesse processo?<br />

Para Hunter e para Rose, este não é um problema.<br />

Em um artigo sobre representação, Hunter (1984)<br />

descarta os mo<strong>dos</strong> “formais” de análise textual porque<br />

sua concepção de “subjetividade” seria limitadora e reducionista:<br />

“A agência social não tem qualquer forma<br />

geral (subjetividade) cuja estrutura possa ser inferida<br />

de uma análise teórica do significado das ‘posições-desujeito’<br />

tornadas disponíveis por um sistema lingüístico”<br />

(p. 423). Nikolas Rose invoca Marcel Mauss para<br />

argumentar que o “eu” é uma categoria social contingente.<br />

De forma bastante correta, ele parte da premissa<br />

de que, no jogo entre conhecimento e poder, definições<br />

historicamente variáveis do normal e do patológico<br />

agem sobre — constrangem e, em certo sentido,<br />

constituem — populações e indivíduos:<br />

O “eu” não existe anteriormente às formas de seu<br />

reconhecimento social; ele é o produto heterogêneo

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