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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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sujeito, 4 a interpretação monstruosa é tanto um processo<br />

quanto uma epifania, um trabalho que deve se<br />

contentar com fragmentos (pegadas, ossos, talismãs,<br />

dentes, sombras, relances obscureci<strong>dos</strong> — significantes<br />

de passagens monstruosas que estão no lugar do corpo<br />

monstruoso em si).<br />

TESE III:<br />

O MONSTRO É O ARAUTO<br />

DA CRISE DE CATEGORIAS<br />

O monstro sempre escapa porque ele não se presta<br />

à categorização fácil. Como diz Harvey Greenberg<br />

(1991, p. 90-91), referindo-se à criatura de pesadelo<br />

que Ridley Scott trouxe à vida em Alien:<br />

Trata-se de um pesadelo lineuano. Desafiando toda<br />

lei natural de evolução, ela se alterna entre bivalve,<br />

crustáceo, réptil e humanóide. Ela parece capaz de<br />

continuar indefinidamente adormecida no interior<br />

de seu ovo. Ela troca de pele como uma cobra; sua<br />

carapaça é de artrópode. Como uma vespa, ela deposita<br />

seus filhos em outras espécies... Ela reage de<br />

acordo com princípios lamarckianos e darwinianos.<br />

Essa recusa a fazer parte da “ordem classificatória<br />

das coisas” vale para os <strong>monstros</strong> em geral: eles são<br />

híbri<strong>dos</strong> que perturbam, híbri<strong>dos</strong> cujos corpos externamente<br />

incoerentes resistem a tentativas para incluílos<br />

em qualquer estruturação sistemática. E, assim, o<br />

monstro é perigoso, uma forma — suspensa entre formas<br />

— que ameaça explodir toda e qualquer distinção.<br />

Por sua limiaridade5 ontológica, o monstro aparece,<br />

de forma notável, em épocas de crise, como uma

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