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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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tem isso em comum com o fantástico de Todorov e o<br />

estranho de Freud; ele difere deles, entretanto, na identificação<br />

da fonte do terror. Para Burke, essa fonte está<br />

não nas incertezas perceptuais do fantástico ou nas<br />

fronteiras perturbadoramente maldefinidas do estranho,<br />

mas na absoluta imensidão da Natureza — e,<br />

metonimicamente, da divindade. Ele invoca oceanos<br />

tormentosos, cataratas selvagens, torres escuras e demônios<br />

para dar uma idéia das forças que avassalam a<br />

razão e a imaginação humanas e produzem uma resposta<br />

de assombro e terror: seu sublime envolve poderosas<br />

emoções, redutíveis, em última instância, aos<br />

viscerais processos de prazer e dor.<br />

Dois caminhos, ao menos, afastam-se das idéias de<br />

Burke.Um, preocupado primariamente com a oposição<br />

belo/sublime como uma chave para questões de<br />

gosto, leva primeiramente a Kant, que rejeitou o fisiologismo<br />

de Burke e reformulou o sublime não em termos<br />

das emoções que ele provoca, mas em termos <strong>dos</strong><br />

limites da representação e da necessidade de testar sua<br />

adequação à Idéia a ser expressada. Enquanto o belo<br />

consiste em ordenar e limitar a representação — a ilusão<br />

de fechamento através da descrição enquadrada ou<br />

da narrativa completa — o sublime aponta para o ilimitado<br />

e para a infinitude. Mas o que é mais importante<br />

para Kant é a possibilidade de conceptualizar o sublime<br />

em termos racionais mesmo que não possamos apreendê-lo<br />

através de nossos senti<strong>dos</strong>. Nós podemos conceptualizar<br />

o infinito, mesmo que não possamos vê-lo ou,<br />

até mesmo, imaginá-lo. Assim, o sublime, mesmo que<br />

não possa ser provocado por aquilo que ameaça nos subjugar,<br />

confirma nosso status como seres racionais e morais<br />

no momento positivo da compreensão racional ou

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