25.04.2013 Views

Pedagogia dos monstros - Apresentação

Pedagogia dos monstros - Apresentação

Pedagogia dos monstros - Apresentação

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

136<br />

seu oposto polar: uma demanda pelo kitsch, pela domesticação<br />

da experiência estética como um adjunto<br />

da vida cotidiana. Enquanto a tentativa sublime para<br />

apreender o não-apreensível exige experimentação e<br />

distância, o popular demanda o familiar e o delimitado<br />

mesmo quando, como no melodrama e no horror, está<br />

lidando com a ansiedade, a irracionalidade e a morte.<br />

Mas o popular denota sempre uma força centrífuga,<br />

assim como sua força centrípeta em direção ao consenso<br />

— e a tensão entre as duas. É por isto que algumas<br />

formas populares — especialmente as mais ofensivas<br />

— partilham com o sublime uma transgressão das<br />

fronteiras e do decoro estético. Assim, não é possível<br />

argumentar, com os surrealistas, que o mau gosto deveria<br />

ter seu lugar, ao lado do fantástico, do estranho<br />

e do sublime, em um carnaval de resistência relativamente<br />

à hegemonia do belo?<br />

Esta poderia ser uma versão daquilo que está em<br />

jogo nos filmes de vampiro. Eles não são apenas mecanismos<br />

ideológicos para domesticar ou subverter o<br />

terror e a repressão na cultura popular, como críticos<br />

como Moretti e Wood algumas vezes sugerem. Eles<br />

não podem ser medi<strong>dos</strong> contra uma escala de efeitos<br />

políticos. Eles são mais bem-compreendi<strong>dos</strong> como sintomáticos<br />

e não como funcionais: não como causas<br />

mas como signos da instabilidade da cultura, da impossibilidade<br />

de seu fechamento ou de sua perfeição.<br />

A dialética da repulsão e da fascinação com o monstruoso<br />

revela como as aparentes certezas da representação<br />

são sempre corroídas pelas insistentes operações<br />

do desejo e do terror. Uma lúgubre obsessão com o<br />

arcaísmo e a limiaridade nos filmes de horror e o jogo<br />

que eles fazem em cima das estranhas ambivalências

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!