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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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porque se inventa, porque se insere novos episódios<br />

que se destacam como motivos contra a trama da<br />

narrativa, a qual, por sua vez, permanece estável, que<br />

se é bem-sucedido. Quando dizemos tradição, pensamos<br />

identidade sem diferença, enquanto existe realmente<br />

muita diferença: as narrativas são repetidas<br />

mas não são, nunca, idênticas.<br />

Mais recentemente, Lyotard assumiu uma maior<br />

distância crítica relativamente a esse exemplo de narrativas<br />

tradicionais, míticas, porque a derivação da autoridade<br />

do narrador da tradição implica, ao final, uma<br />

submissão a um arcaico “nós”. Isto leva-o a apresentar<br />

o mesmo exemplo para desenvolver o argumento<br />

quase contrário. Em vez de ilustrar a demanda por<br />

comunidade através da obrigação para narrar, isto<br />

agora sugere a ele o problema do que acontece quando<br />

uma “política do mito” é imposta na modernidade,<br />

reinvidicando a legitimidade de uma tradição e<br />

uma distante origem mítica nacional. “Nós respeitamos<br />

os povos da Amazônia na medida em que eles<br />

não são modernos”, ele disse em uma entrevista, “mas<br />

quando os homens modernos se metem na Amazônia,<br />

nós consideramos isto monstruoso”. 7<br />

O exemplo, dado por Lyotard, dessa monstruosa<br />

política do mito, é a Alemanha nazista, mas pode-se<br />

encontrar exemplos mais próximos de casa. A imposição<br />

de uma identidade em nome de uma origem que<br />

define a forma da comunidade — o povo, no sentido<br />

de Volk — era também uma característica distintiva do<br />

conservadorismo populista dominante na Grã-Bretanha<br />

e nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> nos anos 70 e 80. Sua belicosa<br />

retórica afirmava os limites da identidade para

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