Pedagogia dos monstros - Apresentação
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que se alinham para atribuir significado ao Nós e ao<br />
Eles que está por detrás de todo modo cultural de ver, o<br />
monstro da abjeção reside naquela geografia marginal<br />
do Exterior, além <strong>dos</strong> limites do Pensável, um lugar<br />
que é duplamente perigoso: simultaneamente “exorbitante”<br />
e “bastante próximo”. Judith Butler (1993,<br />
p. 22) chama esse locus conceitual de “um domínio de<br />
inabitabilidade e de ininteligibilidade que faz fronteira<br />
com o domínio <strong>dos</strong> efeitos inteligíveis”, mas observa<br />
que mesmo quando é discursivamente fechado, ele<br />
oferece uma base para a crítica, uma margem de onde<br />
se pode reler os paradigmas dominantes. 26 Tal como<br />
Grendel trovejando do lago ou tal como Drácula levantando-se<br />
do túmulo, tal como o “bumerangue” e<br />
o “vórtice” de Kristeva, o monstro está sempre regressando,<br />
sempre à beira da irrupção.<br />
Talvez seja o momento de fazer a pergunta que<br />
sempre surge quando o monstro é discutido seriamente<br />
(sua inevitabilidade é um sintoma da profunda ansiedade<br />
sobre o que é e o que deve ser pensável, uma<br />
ansiedade que o processo da teoria do monstro está<br />
destinado a levantar): os <strong>monstros</strong> realmente existem?<br />
Eles seguramente devem existir, pois se eles não<br />
existissem, como existiríamos nós?<br />
TESE VII:<br />
O MONSTRO ESTÁ SITUADO<br />
NO LIMIAR... DO TORNAR-SE<br />
Os <strong>monstros</strong> são nossos filhos. Eles podem ser expulsos<br />
para as mais distantes margens da geografia e<br />
do discurso, escondi<strong>dos</strong> nas margens do mundo e <strong>dos</strong>