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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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social mas também a plena expressão do potencial humano.<br />

Embora pareçam politicamente polarizadas, essas<br />

posições partilham uma certa lógica. Assim é a<br />

natureza humana, dizem elas; o problema consiste em<br />

planejar instituições sociais adequadas ou a controlála<br />

ou a realizá-la. Em contraste, partir da dificuldade<br />

da educação e do governo significa reconhecer que o<br />

enigma central é a contingência e a evanescência tanto<br />

da “natureza humana” quanto do “social”.<br />

Contra narrativas sociológicas ou psicológicas que<br />

vêem o “exterior” da sociedade exercendo influência<br />

sobre o “interior” da psique individual, eu enfatizo que<br />

as fronteiras entre as duas não são, nunca, estáveis ou<br />

facilmente impostas, o que implica evitar qualquer escolha<br />

entre o truísmo de que “as pessoas fazem a sociedade”<br />

e o truísmo de que a “sociedade faz as pessoas”. É<br />

verdade que as pessoas agem de forma autodirigida e<br />

intencional, mas os padrões de consciência, percepção<br />

e desejo que orientam suas ações são, já, aspectos do<br />

ser social. É igualmente verdadeiro que a personalidade<br />

é socialmente determinada, e, contudo, as pessoas<br />

agem nas — e sobre — as instituições sociais. Para deslindar<br />

este aparente paradoxo, tento mostrar como o campo<br />

de ações possíveis é estruturado e também como<br />

essas estruturas são negociadas na prática. Essa relação<br />

não é uma determinação de mão única nem uma relação<br />

dialética: ela é caracterizada por oscilações, deslizamentos<br />

e transformações imprevisíveis.<br />

Minha descrição da cultura é, portanto, uma descrição<br />

de um campo polilógico de forças. O domínio<br />

do social é instituído através da disseminação de termos<br />

intersubjetivos de autoridade pelos aparatos do

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