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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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O demonologista divide o mundo em dois, atribuindo<br />

um poder mágico e geral a um centro conspiratório<br />

do mal. Temendo o caos e a penetração<br />

secreta, o contra-subversivo interpreta as iniciativas<br />

locais como signos de um poder alienígena. Indivíduos<br />

e grupos específicos tornam-se, na imaginação<br />

contra-subversiva, membros de um único corpo político,<br />

dirigido por sua cabeça. O contra-subversivo<br />

precisa de <strong>monstros</strong> para que possa dar forma a suas<br />

ansiedades e para satisfazer seus desejos proibi<strong>dos</strong>.<br />

(ROGIN, 1987, p. xiii)<br />

Em suas reflexões sobre o imaginário social do<br />

nazismo, Saul Friedländer (1984, p. 19) sugere como<br />

este kitsch terrorista, quando levado a extremos, pode<br />

prometer liberdade total através da submissão absoluta<br />

à identidade considerada legítima:<br />

No lado da afirmação da ordem, a visão kitsch reforça<br />

os critérios estéticos de uma massa submissa, serena<br />

em sua busca de harmonia, sempre parcialmente<br />

favorável ao sentimentalismo... Mas diante do kitsch<br />

estético está o mundo pouco especial <strong>dos</strong> mitos; diante<br />

das visões de harmonia, as luzes de um apocalipse;<br />

diante das jovens garotas com flores e <strong>dos</strong> picos<br />

neva<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> alpes bávaros, o apelo ao morto da<br />

Feldherrnhalle, o êxtase do Götterdämmerung, as visões<br />

do fim do mundo (FRIEDLÄNDER, 1984, p. 130).<br />

Nessa estratégica perversão do sublime, “o povo” é<br />

mantido em um estado de aquiescência através do medo.<br />

É possível, entretanto, ler a equação entre o sublime e<br />

o popular de forma bastante diferente, como algo que<br />

resiste a esse tipo de fechamento e submissão. Aqui o<br />

popular conota não a identidade mas a heterogeneidade

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