Pedagogia dos monstros - Apresentação
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antes esotéricas foram adotadas pelos esta<strong>dos</strong> burocráticos<br />
e incorporadas a modernas tecnologias governamentais<br />
como os sistemas escolares. É suficiente<br />
dizer que estes estu<strong>dos</strong> têm se preocupado com a conotação<br />
ética e “personalista” dada ao governo sob<br />
essas circunstâncias, tal como tem ocorrido com a<br />
“governamentalização da ética pessoal. Na verdade,<br />
eles têm estado centralmente preocupa<strong>dos</strong> com a questão<br />
<strong>dos</strong> limites impostos sobre o governo moderno<br />
pelo fato de que ele depende de instrumentos — tais<br />
como os instrumentos disponíveis da auto-regulação<br />
ética — que ele não inventou e cujas conseqüências<br />
não pode plenamente controlar.<br />
O tema do governo ilimitado, ameaçando a total<br />
determinação do sujeito, surge não da genealogia foucaultiana<br />
mas da prática da crítica dialética. Devido à<br />
sua linhagem kantiana e hegeliana, a crítica é obrigada<br />
a totalizar o governo ao tratá-lo como a condição sistêmica<br />
da experiência do sujeito. Ao mesmo tempo, uma<br />
vez que se diz que as condições sistêmicas constituem<br />
precisamente aquilo que o sujeito não pode saber, a<br />
crítica transforma o governo no inconsciente do sujeito.<br />
E neste ponto o pêndulo da crítica pode inverter<br />
seu balanço. Se sua determinação governamental é algo<br />
que o sujeito fracassa em saber, é ipso facto algo que ele<br />
pode tentar saber e aspirar colocar sob o controle do<br />
conhecimento e da vontade conscientes, mesmo que<br />
fracasse. O tema do governo total é, assim, algo que a<br />
crítica não pode dispensar. Ele é a condição da troca<br />
dialética entre a determinação e o poder (poder e autodeterminação,<br />
saber e inconsciente, “autoridade e agência”)<br />
transacionado no ambivalente espaço do sujeito.