Pedagogia dos monstros - Apresentação
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irracionalidade que faz parte do mundo cotidiano. Ao<br />
fazermos esses vínculos com formas populares contemporâneas,<br />
vale a pena evocar os comentários de<br />
Freud sobre os contos de fadas, pois as bem-estabelecidas<br />
categorias morais e convenções teatrais do melodrama<br />
e seus sucessores conspiram, cada vez mais,<br />
contra a possibilidade de produzir um efeito estranho<br />
ou fantástico. Nesse mundo de virtude, ameaçado pelo<br />
mal, a mise-en-scène geralmente assegura que nós sabemos<br />
exatamente onde estamos. Assim, onde devemos<br />
buscar um sublime moderno?<br />
UM SUBLIME MODERNO<br />
Outra vez, a distinção é entre, de um lado, gêneros<br />
populares que exibem eventos misteriosos ou chocantes<br />
numa mise-en-scène naturalista — os Frankensteins e<br />
os Dráculas da Universal <strong>dos</strong> anos 30, o Hammer <strong>dos</strong><br />
anos 50 aos 70, os filmes sanguinolentos de Cronenberg,<br />
Craven e Hooper hoje — e, de outro, um modernismo<br />
que questiona essas convenções através de suas<br />
formas de enunciação. Isso levanta a questão de saber<br />
se existem quaisquer vínculos a serem feitos entre, por<br />
exemplo, os filmes de horror e o sublime pós-moderno<br />
— o neo-nietzchianismo de Kristeva, Foucault ou Lyotard<br />
— cujo slogan é: “represente o irrepresentável”.<br />
Embora o contraste que Kristeva faz entre o semiótico<br />
e o simbólico possa ser lido como uma reformulação<br />
da distinção sublime/belo, são as idéias<br />
que ela desenvolve sobre abjeção em Poderes do horror<br />
que se relacionam mais diretamente com minha<br />
discussão das análises de Todorov e Cixous sobre o