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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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natureza da própria criança”. Agora, entretanto, o<br />

conhecimento sobre “a natureza da criança” foi formalizado<br />

como uma disciplina científica: a Psicologia<br />

do Desenvolvimento, associada, especialmente, com<br />

a obra de Jean Piaget, a qual identifica um padrão<br />

supostamente natural de maturação e crescimento que<br />

deveria guiar os professores em suas decisões sobre o<br />

que, como e quando ensinar seus alunos. Na prática,<br />

entretanto, ela pode ser igualmente lida como uma<br />

grade normativa para a observação e a classificação<br />

das crianças. A consigna “permitir que a criança se<br />

desenvolva” institui uma ênfase na vigilância e no<br />

monitoramento; a consigna “liberar a criança” envolve<br />

estratagemas tão adoravelmente manipulativos<br />

quanto os inventa<strong>dos</strong> pelo Tutor de Emílio (cf.<br />

WALKERDINE, 1983, 1984).<br />

Permanece o paradoxo, entretanto, de que os mo<strong>dos</strong><br />

pastorais de poder exigem, como pré-condição, um<br />

certo grau de autonomia. Longe de negar a liberdade,<br />

argumenta Foucault, o poder a exige:<br />

O poder é exercido apenas sobre sujeitos livres, e<br />

somente na medida em que eles são livres. Com<br />

isto quero dizer sujeitos individuais ou coletivos<br />

que têm à frente um campo de possibilidades no<br />

qual diversos mo<strong>dos</strong> de comportar-se, diversas reações<br />

e diversos comporamentos podem realizarse.<br />

Onde os fatores determinantes saturam o todo<br />

não existe nenhuma relação de poder...<br />

Esta concepção de poder define as condições sob<br />

as quais a “governamentalidade” de Foucault torna-se<br />

uma possibilidade. Aqui, o sujeito está não apenas<br />

sujeito ao jogo de forças <strong>dos</strong> aparatos do social, mas

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