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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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94<br />

— um organismo cibernético, “uma ficção que mapeia<br />

nossa realidade social e corporal”:<br />

A ficção científica contemporânea está cheia de ciborgues<br />

— criaturas simultaneamente animal e máquina,<br />

que povoam mun<strong>dos</strong> ambiguamente naturais<br />

e fabrica<strong>dos</strong>... No final do século XX, nosso tempo,<br />

um tempo mítico, somos to<strong>dos</strong> quimeras, híbri<strong>dos</strong><br />

— teoriza<strong>dos</strong> e fabrica<strong>dos</strong> — de máquina e<br />

organismo; em suma, somos to<strong>dos</strong> ciborgues. O<br />

ciborgue é nossa ontologia; ele nos confere nossa<br />

política. (HARAWAY, 1985, p. 65)<br />

Ao desmontar a distinção entre a informação programada<br />

e o comportamento humano, Haraway vai<br />

ainda mais longe que Foucault, ao sugerir que as relações<br />

de poder penetram e infundem o corpo sem serem<br />

mediadas através das representações da consciência.<br />

A insistência de Foucault nos limites da consciência está<br />

por detrás de sua rejeição da ideologia como uma explicação<br />

da agência. Isto não significa, entretanto, que<br />

não é necessário explicar como o “programa” se traduz<br />

em conduta e em desejo subjetivos. Quando os<br />

replicantes em Blade runner se voltam para seu criador,<br />

em rebelião contra sua própria finitude, é para exigir<br />

respostas às próprias questões de Foucault: O que posso<br />

fazer? O que eu sei? Quem sou? (DELEUZE, 1988, p. 115).<br />

Até mesmo ciborgues, ao que parece, precisam de<br />

um inconsciente para que as estruturas da autoridade<br />

social apareçam na forma como aparecem essas questões.<br />

Nessa perspectiva, o inconsciente exerce um papel-chave<br />

na relação do eu consigo mesmo, orientando<br />

a conduta individuada do prazer, do desejo e da intencionalidade.<br />

É aqui que minha abordagem diverge

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