Pedagogia dos monstros - Apresentação
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o que são; ou, então, o evento de fato ocorreu é<br />
parte integral da realidade, mas, então, a realidade<br />
é controlada por leis desconhecidas para nós<br />
(TODOROV, 1973, p. 25).<br />
Para Todorov, o fantástico dura tanto quanto<br />
aquela hesitação. Em contraste com a ilusão de conhecimento<br />
e coerência do realismo, as obras do fantástico<br />
insistem na natureza ilusória da percepção —<br />
o que está ocorrendo aqui? Como podemos estar<br />
seguros? Todorov (1973, p. 120) identifica, no interior<br />
dessa aura de incerteza, alguns <strong>dos</strong> temas fantásticos<br />
do eu: “a fragilidade do limite entre matéria e<br />
espírito”; a “multiplicação da personalidade; o colapso<br />
do limite entre sujeito e objeto; e, finalmente, a<br />
transformação do tempo e do espaço”. O fantástico,<br />
em suma, age em cima da insegurança das fronteiras<br />
entre o “eu” e o “não-eu”, entre o real e o irreal.<br />
Isso parece, obviamente, relevante para os filmes de<br />
horror — o faturamento do eu em duplos e <strong>monstros</strong>,<br />
tais como Dr. Jekill e Mr. Hyde, Frankenstein, lobisomens,<br />
etc.; o terror constituído pela invasão do eu por<br />
vampiros, zumbis ou alienígenas. Entretanto, a abordagem<br />
de Todorov não tem sido adotada de forma<br />
generalizada em relação ao cinema. Isso pode ter ocorrido,<br />
em parte, porque ele estava tentando definir o<br />
fantástico como um gênero teórico e não como um gênero<br />
histórico: na prática aplica-se apenas a alguns romances<br />
góticos do final do século XVIII e começo do<br />
século XIX e a umas poucas obras que se lhe seguiram,<br />
tendo se tornado, em geral, redundante quando os temas<br />
reprimi<strong>dos</strong> e censura<strong>dos</strong> que ele era capaz de representar<br />
foram incorpora<strong>dos</strong> ao discurso científico da<br />
Psicanálise. Outra limitação da utilidade de sua teoria<br />
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