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Pedagogia dos monstros - Apresentação

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118<br />

ansiedades de Freud e suas próprias compulsões de<br />

repetição; é impossível restringir o significado do estranho<br />

de uma forma tão clara quanto a que ele quer.<br />

As coisas que estão em jogo são a instabilidade das<br />

fronteiras entre o humano e o autômato ou entre o<br />

vivo e o morto, bem como a fragilidade <strong>dos</strong> limites da<br />

identidade. O duplo deveria, portanto, ser visto não<br />

como “contraparte ou reflexo, mas, ao invés disso,<br />

como a boneca que não está nem viva nem morta”:<br />

É o entre que está tingido de estranheza... O que é<br />

intolerável é que o Fantasma [ou o Vampiro ou os<br />

visitantes do futuro] apaga os limites que existem entre<br />

dois esta<strong>dos</strong>, nem vivo nem morto; na passagem, o<br />

morto retorna na forma do Reprimido. É sua volta<br />

que faz com que o fantasma seja o que é, precisamente<br />

da mesma forma que é a volta do Reprimido que<br />

inscreve a repressão (CIXOUS, 1976, p. 543).<br />

Em termos que lembram o herói vendo seu cadáver<br />

sendo confinado em seu caixão, em O vampiro,<br />

ou Drácula dormindo na tumba de sua terra natal,<br />

Cixous (1976, p. 544)<br />

(...) conjura “a idéia supremamente inquietante:<br />

o fantasma do homem enterrado vivo: sua cabeça<br />

textual, empurrada de volta ao corpo maternal,<br />

um prazer horrível”.<br />

Por que a paisagem maternal — o heimlich — e o<br />

familiar tornam-se inquietantes? A resposta está menos<br />

oculta do que suspeitamos: a obliteração de qualquer<br />

separação, a realização do desejo que, em si<br />

mesmo, oblitera um limite...

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