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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Reflexos da cultura escolar sobre o processo... 109<br />

A noção de “imaginário” foi adotada por Gilbert Durand (1997) ao buscar<br />

ultrapassar a dicotomia entre “natureza” e “cultura”, concepção corrente na antropologia<br />

e estabelecida por Claude Lévi-Strauss (1996). Durand (1997: 52, grifo<br />

do autor) considera que:<br />

“(...) se (...) o que é da ordem da natureza e tem por critérios a universalidade<br />

e a espontaneidade está separado do que pertence à cultura, domínio da<br />

particularidade, da relatividade e do constrangimento, não deixa por isso de<br />

ser necessário que um acordo se realize entre a natureza e a cultura sob pena<br />

de ver o conteúdo cultural nunca ser vivido.”<br />

Deste modo, o imaginário e o símbolo, nos sentidos próprios que os termos<br />

assumem no pensamento durandiano, são situados enquanto sutura ontológica e<br />

instância mediadora, espécie de trajeto circular entre “eu” (o “cogito” simbólico) e<br />

o meio natural, incluindo ambos os polos, organizados desde a corporeidade do<br />

homem e do mundo. Assim sendo, o imaginário designa, no pensamento do autor,<br />

o âmbito instaurativo do vivido, seu meio e substrato, tanto no sentido individual<br />

quanto grupal. É relevante afastar sentidos presente na linguagem corrente<br />

e não implicadas no pensamento de Durand ou no presente texto, como a restrição<br />

de “imaginário” a “conjunto de representações”; ou a definição de “imaginário”<br />

em oposição ao “real”. No presente contexto, o “imaginário” é a instância<br />

instaurativa, dinâmica organizadora, da realidade vivida.<br />

O termo “cultura” é extremamente polivalente, assumindo sentidos muito<br />

diversos conforme o autor estudado. Se Durand concebe o imaginário como sutura<br />

e mediação entre “natureza” e “cultura”, Edgar Morin compreenderá com o<br />

mesmo termo, “cultura”, algo que podemos relacionar (senão identificar) com o<br />

“imaginário” durandiano, ou seja:<br />

“(...) um sistema que faz comunicarem-se – dialetizando-se – uma experiência<br />

existencial e um saber constituído. (...) consiste num circuito metabólico,<br />

simultaneamente repetitivo e diferencial, entre o polo das formas<br />

estruturantes (physis/bios), no qual se manifestam códigos, formações discursivas<br />

e sistemas de ação, e o polo do plasma existencial (noos/psychè), das vivências,<br />

dos espaços, da afetividade e do afetual” (Morin apud Porto, 2000: 22).<br />

Para fins da análise aqui proposta, embora as noções mencionadas apresentem<br />

outros traços constitutivos, reteremos na noção de “imaginário”:<br />

a) sua função instaurativa do real vivido;<br />

b) constituir-se em instância mediadora entre a esfera patente das práticas (a<br />

tarefa a ser cumprida) e o campo afetual, individual ou grupal.

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