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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Contemporaneidade e educação 7<br />

“Mas já são muitas idéias, – são idéias demais; em todo caso são idéias de cachorro,<br />

poeira de idéias”, – menos ainda que poeira, explicará ao leitor. (É. Nós também,<br />

aprisionados num tempo natural, despossuidores de um tempo histórico, não<br />

teríamos mais do que poeira de ideias...) “Mas a verdade é que este olho que se abre<br />

de quando em quando para fixar o espaço, tão expressivamente, parece traduzir alguma<br />

cousa, que brilha lá dentro, lá muito ao fundo de outra cousa que não sei como<br />

diga, para exprimir uma parte canina, que não é a cauda nem as orelhas. Pobre língua<br />

humana!”<br />

“Afinal adormece. Então as imagens da vida brincam nele, em sonho, vagas, recentes,<br />

farrapo daqui remendo dali. Quando acorda, esqueceu o mal; tem em si uma<br />

expressão, que não digo seja melancolia, para não agravar o leitor. (...) Seja o que for,<br />

é alguma cousa que não a alegria de há pouco; mas venha um assobio do cozinheiro,<br />

ou um gesto do senhor, e lá vai tudo embora, os olhos brilham, o prazer arregaça-lhe<br />

o focinho, e as pernas voam que parecem asas.” [Machado de Assis, Quincas<br />

Borba, São Paulo: Globo, 1997 (Obras Completas de Machado de Assis), cap.<br />

XXVIII, p. 30-32.] (gs.ms)<br />

Amigos, eu não descobri sozinha o significado genial do capítulo – de 2<br />

páginas – de Machado. Quem nele e no seu encanto me introduziu foi o parasempre<br />

Mestre, Professor, Doutor João Eduardo Rodrigues Villalobos.<br />

Eis aí. Eu creio que esta pequena caracterização machadiana do tempo animal<br />

– o tempo natural – ilustra bem o que eu dizia: o tempo histórico é a criação<br />

humana do tempo. E a Contemporaneidade é o presente histórico (ou a<br />

dimensão presente do tempo histórico).<br />

O tema nos pede que nos ocupemos dos desafios epistemológicos e educacionais<br />

na contemporaneidade.<br />

Muito bem. Para que, como, o que devemos conhecer em nosso tempo? E deve<br />

a educação se ocupar disso? por quê? e para quê ? Vamos continuar a abordar o tema<br />

por um través.<br />

Era da comunicação. O século XX foi frequentemente definido como ‘o século<br />

da comunicação’. Será verdade que o foi? Suponho, isso sim, que vivemos<br />

grande parte do século XX como um ‘século dos meios de comunicação’. Isso sim!<br />

De resto, provavelmente foi bem por isso, porque a comunicação deixou de existir,<br />

é que o homem correu tão desesperadamente à procura de meios, de técnicas,<br />

de sistemas especiais de comunicação. Enquanto o homem efetivamente ‘se comunica’<br />

com seu semelhante, nada o solicita – e muito menos o pressiona – a descobrir<br />

meios sofisticados e fantásticos de estabelecer comunicação. Basta olhar o outro

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