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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Subjetividade e educação 25<br />

determinados, funciona como mecanismo de controle social, independentemente<br />

de ideologias que a informam e de teorias pedagógicas e administrativas que propõem<br />

modelos de ensino e de administração, mantenedoras do seu desempenho<br />

funcional. Considerada também como grupo social, não perdendo, portanto, seu<br />

caráter simbólico, há de se ressaltar que a escola se estabelece a partir de organizações<br />

afetuais, ou seja, as que priorizam a vida afetiva do grupo, manifestadas no<br />

sistema de ideias, crenças, valores e sentimentos, ou, como afirma Paula Carvalho<br />

(1991), considerá-las como sistemas simbólicos é aceitá-las como grupos reais e<br />

relacionais vivenciando códigos e sistemas de ação. Afirma-nos, ainda, que aos sistemas<br />

simbólicos correspondem as práticas simbólicas tidas como práticas sociais<br />

dos grupos que, por serem simbólicas, são necessariamente organizacionais e<br />

educativas, tendo em vista que no decorrer do tempo vínculos de solidariedade e<br />

de contato são estabelecidos. Assim, esse autor entende que a “educação seja uma<br />

prática simbólica que realiza a sutura entre as demais práticas”.<br />

Percorremos ainda Silveira Porto (op. cit.) quando esta busca em Morin<br />

(1980) que a cultura consiste num circuito metabólico, simultaneamente repetitivo<br />

e diferencial, para concluir que não há dicotomias, mas polarizações, o que<br />

nos leva à afirmação do diferente, do plural e do conflitual existentes no interior<br />

dos grupos sociais e nas relações destes com o meio no qual se inserem, constituindo<br />

uma unidade complexa (Unitas multiplex), cuja atuação é complementar,<br />

segundo a autora.<br />

Recorrendo também à teoria de Patrick Tacussel (1998: 5-6), que define<br />

comunidade como sendo o espaço das relações intersubjetivas, defendendo que<br />

“(...) a intersubjetividade é a penetração histórica do tempo na memória individual<br />

e coletiva (...)” e que “vivemos espontaneamente em nossas relações cotidianas<br />

o tempo como forma de memória ou como forma histórica na consciência, e<br />

isso constitui a ligação intersubjetiva”. O reconhecimento, portanto, das pessoas<br />

enquanto sujeitos inter-relacionais ocorre mediante a aceitação das pluralidades<br />

presentes numa dada comunidade. Coexistem num mesmo espaço os semelhantes<br />

e os diferentes, o próximo e o distante, um Eu e um Tu, conforme Buber<br />

(2001), que se reconhecem na mútua aceitação e (re)apropriação e (re)interpretação<br />

dos fatos socialmente vividos, de modo a percebê-los tendo como ponto de<br />

partida um novo olhar atento e reencantado, que os contemple a partir de uma<br />

“razão cultural”, segundo Sanchez Teixeira (1994), que abraça o determinado e<br />

o indeterminado numa relação de circularidade entre si e a mediação simbólica<br />

que organiza o real.

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