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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Museus e educação 241<br />

duas situações: uma que seria a possibilidade de existência de um museu somente<br />

com objetos contemporâneos. E isso parece que as denominadas feiras já realizam.<br />

Feiras de novidades eletrônicas, de utilidades domésticas, de arquitetura, de<br />

máquinas e outros utensílios. Tecnologia, sonhos e devaneios se entrelaçando4 .<br />

A segunda situação seria um museu de objetos futuros. O simples desejo<br />

humano já não seria, assim, a antecipação do futuro?<br />

Não quero me estender demais nessas digressões. No entanto, valho-me de<br />

três exemplos: J. C. de Melo Neto, poeta pernambucano, já escreveu um livro<br />

denominado Museu de Tudo. De que trataria um livro de poemas com tal singularidade?<br />

Convido os presentes que desconhecem tal obra a imaginarem. O cantor<br />

e compositor Cazuza, na música “O tempo não pára”, nos brinda com os<br />

versos: “Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades.<br />

O tempo não pára”. Eu próprio já escrevi um texto cujo título é “Museu<br />

de Gestos” 5 . Como e onde seria tal museu?<br />

E tudo isso nos leva a indagar sobre uma outra concepção de museu, ademais<br />

vislumbrada por artistas6 , à margem de um pensamento científico ou de<br />

cunho eminentemente pedagógico. Um museu em que presente, passado e futuro<br />

coexistissem, privilegiando toda a produção do imaginário7 humano. Tudo isso<br />

para além de uma crença de que “museu é lugar de coisas velhas” ou de que “lugar<br />

de velho é no museu”, como vociferam bocas inadvertidas. Em ambos os casos<br />

a revelação de duplo preconceito: tanto com os velhos (idosos) quanto com o<br />

museu enquanto espaço da memória e das realizações humanas.<br />

De modo geral, como se entrelaçam museu e educação?<br />

Já vimos que o museu é, antes de tudo, um espaço educativo, não somente<br />

por nele encontrarmos parcela significativa da cultura material da humanidade,<br />

mas por ele ter-se tornado um lugar de encontro, por excelência. É o encontro, e<br />

é pelo encontro que acontece o aprendizado. “O museu deve ser fórum, lugar de<br />

4. Interessante notar que objetos de uma feira fatalmente virarão objetos de museus.<br />

5. Texto publicado pelo jornal O Imparcial, de São Luís do Maranhão, em 1992. Confira-o<br />

na íntegra ao final deste trabalho.<br />

6. Refiro-me aos artistas anteriormente citados.<br />

7. <strong>Imaginário</strong> como sinônimo de conjunto de imagens humanas produzidas pela cultura: quer<br />

imagens materiais, concretas (objetos); quer imagens simbólicas, abstratas em suas essências.<br />

Portanto, imagens constantemente atualizadas pela capacidade humana de imaginar,<br />

renovar, realizar.

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