Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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<strong>Imaginário</strong> e organizações educativas 39<br />
Augé (1999) nos mostra que o sentido dos outros se perde e se exacerba ao<br />
mesmo tempo. Perde-se à medida que desaparece a aptidão de tolerar a diferença.<br />
Mas essa intolerância, ela mesma criada, inventa a estrutura da alteridade.<br />
A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural.<br />
O etnocentrismo passa exatamente por um julgamento de valor da cultura<br />
do outro nos termos da cultura do grupo do eu. O pensamento é o seguinte: a<br />
minha cultura é a melhor, a cultura do outro é inferior. Ao outro é negada um<br />
mínimo de autonomia necessária para falar de si mesmo, pois assim fica mais fácil<br />
manipular sua imagem como bem se entender.<br />
Rocha (1996: 15) afirma que:<br />
“Aqueles que são diferentes do grupo do eu – os diversos “outros” deste<br />
mundo –, por não poderem dizer algo de si mesmo, acabam representados<br />
pela ótica etnocêntrica e segundo dinâmicas ideológicas de determinados<br />
momentos.”<br />
Uma ideia importantíssima que o autor nos apresenta e que se contrapõe ao<br />
etnocentrismo é a ideia da relativização. Quando compreendemos o outro nos seus<br />
próprios valores, e não nos nossos, estamos relatitivizando. Relativizar “(...) não<br />
é transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e<br />
mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença”.<br />
E complementa dizendo que a diferença precisa ser vista como forma pela<br />
qual os seres humanos deram soluções diversas a problemas existenciais comuns.<br />
Ela não é uma ameaça do “outro” e sim uma possibilidade que o “outro” pode abrir<br />
para o “eu” (Rocha, 1996: 20).<br />
Pode-se dizer que a escola espontaneamente tende ao monoculturalismo, pois<br />
os saberes transmitidos exaltam a cultura dominante, colocando-a como cultura<br />
padrão e reduzindo a autonomia das culturas populares. Desta forma, a desigualdade<br />
social aumenta ainda mais.<br />
Mas acredita-se que essa tendência espontânea da escola possa ser contrariada<br />
e, mais, acredita-se que a escola possa ser reconvertida, se não ao multiculturalismo,<br />
ao menos ao relativismo cultural. Porém, sabe-se que para chegar a<br />
essa conquista será preciso enfrentar mais que obstáculos, riscos, contradições, etc.<br />
Quando a escola rejeita o reconhecimento de que as culturas populares são<br />
culturas, rejeita também o direito dos educandos procedentes das classes populares<br />
do reconhecimento do seu valor. E é justamente a partir da falta desse re-