Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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<strong>Educação</strong> e diversidade 143<br />
repassados pela repetição da história no tempo, constituindo-se verdadeiros atos<br />
pedagógicos presentes no contar, repetir, ensinar, convencer, reprimir, recompensar,<br />
punir e proibir.<br />
Esses atos organizam e educam, construindo significados. Confirmam o<br />
que Paula Carvalho (1990: 86) entende por educação: “prática simbólica basal<br />
que realiza a sutura entre as demais práticas simbólicas”. Como já dissemos anteriormente,<br />
as práticas simbólicas são necessariamente educativas porque são<br />
organizadoras do real. Nesse universo complexo aqui estampado, a cultura é produzida,<br />
reproduzida, criada e reinterpretada no “jogo da diferença”, próprio de<br />
qualquer conjunto social.<br />
De forma mais sistematizada, a escola representa o espaço social no qual se<br />
devem transmitir conhecimentos, códigos, normas e padrões de comportamento<br />
da sociedade. A análise das representações dos alunos sobre ela vem nos mostrar<br />
um “olhar de dentro”, que nem sempre é levado em conta na análise das organizações<br />
educativas, isto é, sua dimensão simbólica.<br />
A maioria dos alunos tem uma imagem positiva da escola, nem tanto pelas<br />
lições, pelos conteúdos que devem ser aprendidos, mas pela valorização de ações<br />
minúsculas que ali ocorrem, aproveitando todos os momentos disponíveis para o<br />
“estar-junto” com os professores e com os colegas, num ambiente afetual que ali<br />
se constrói (o que não significava um relacionamento sem conflitos).<br />
Inúmeros registros são encontrados nos Diários de Campo sobre a escola,<br />
ocupando basicamente 70% de suas folhas para ali colocar seus sucessos, fracassos,<br />
temores, angústias, desejos, sonhos, tristezas e alegrias.<br />
A amizade e o espaço partilhado podem ser considerados a base da socialidade<br />
que cimenta o grupo. Na escola, o espaço escolar, enquanto estruturação<br />
societal-afetiva, reafirma, pela ritualização, o sentimento que os grupos têm deles<br />
mesmos. É a socialidade que vem garantir a relação do instituinte com o instituído<br />
na dinâmica social.<br />
“De maneira subterrânea, a relação socialidade/espaço continua a existir (...).<br />
Creio que se trata, embora de modo ambíguo, do desejo de viver simbolicamente<br />
a relação a um território comum (...), trata-se sempre de sair de si<br />
mesmo, de romper a clausura do próprio corpo, de ter acesso a um corpo<br />
coletivo; enfim, de participar de um espaço mais amplo (...) a socialidade de<br />
base assenta-se em espaço partilhado” (Maffesoli, 1988: 159-161).