Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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132 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />
Fomos observando que as crianças possuem uma visão construída a partir de<br />
desenhos e filmes, uma terra habitada por animais, leões, girafas e zebras, com<br />
uma geografia única, onde não há cidades, escolas, e quando indagadas sobre quem<br />
vive na África respondem: escravos!<br />
Percebemos que as imagens sobre o negro e a África ainda encontram-se relacionadas<br />
somente à escravidão. A África não é vista como um continente com diferentes<br />
países, etnias e nações que possuem línguas, costumes, histórias, religiosidades<br />
e visões de mundo próprias e diversas. Com relação aos(as) professores(as), podese<br />
afirmar o mesmo, pois percebemos grande surpresa quando mencionamos que<br />
o Egito se localiza no continente africano e, assim sendo, eram africanos os homens<br />
que construíram as pirâmides.<br />
O objetivo da oficina era proporcionar às crianças a construção de conceitos<br />
sobre a África com relação à geografia (continente e países), diversidade social,<br />
política, econômica e cultural, enfatizando a origem africana de todos os homens,<br />
como também dos nossos antepassados mais diretos. (Por isso alguns de<br />
nós temos a pele negra.)<br />
Assim, valorizamos positivamente as histórias e narrativas sobre a África,<br />
sensibilizando nossos educandos para a cultura, a ética, a estética, os mitos e lógicas<br />
africanas e afro-brasileiras.<br />
Passamos às atividades com bandeiras de alguns países da África, escolhemos<br />
a da Nigéria, a do Congo, a de Angola e a da África do Sul, buscando contextualizar<br />
que existem várias nações ou grupos étnicos que possuem línguas, costumes,<br />
religiosidades e culturas diferenciadas. Queríamos também que percebessem<br />
que são diversas as origens dos africanos que vieram para o Brasil, que, a partir da<br />
sua ancestralidade africana, desenvolveram expressões como o jongo, a capoeira,<br />
o maracatu e tantas outras que fazem parte da nossa cultura:<br />
“Entender a beleza, a sensibilidade e a radicalidade da cultura de tradição<br />
africana, impregnada de norte a sul deste país e não somente no segmento<br />
negro da população, é um aprendizado a ser incorporado pelos que cuidam<br />
das políticas educacionais. O mundo africano recriado no Brasil é<br />
belo e cheio de sabedoria. Nele, tanto o homem quanto a mulher são vistos<br />
em sua totalidade e não como fragmentos. Nesse modo de ser e de ver a<br />
existência e o mundo, as várias dimensões do ser humano são destacadas: a<br />
racional, a ética, a estética, a corpórea, a espiritual, a ecológica, a política,<br />
etc., construídas ao longo do acontecer humano e nos diferentes ciclos da<br />
vida” (Gomes, 2001: 95).