Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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O imaginário sobre o negro no espaço escolar 121<br />
realizada pelo LEAFRO, há clara resistência à aceitação dos fatos, dos dados e dos<br />
resultados apresentados, demonstrando que diversos argumentos, mesmo que sejam<br />
claros e nítidos, quando colocados em questão pelo crivo racional, não conseguem<br />
atingir os preconceitos que se encontram cristalizados e arraigados no<br />
imaginário da sociedade brasileira, produzidos pelos séculos de escravidão que<br />
vivenciamos.<br />
Essa experiência produziu imagens e sentimentos que ainda submergem da<br />
profundidade do imaginário, da dimensão subjetiva e do próprio senso comum,<br />
carregados de preconceitos, estigmas e estereótipos evidentes em uma série de<br />
posicionamentos e falas que muito dificultam uma formação crítica, ética e consciente,<br />
tanto para uma educação das relações etnicorraciais como para a atuação<br />
desses docentes e futuros docentes no sistema educacional brasileiro, como se observa<br />
em suas falas:<br />
“O próprio negro tem preconceito contra o negro!”<br />
“Ah! Mais aqui no sul não tem tanto negro, por isso não temos tantos médicos<br />
negros!”<br />
“Um próprio pai falou para o filho que negro não serve para estudar, só para<br />
trabalhar!”<br />
“Ah! Mas eles estão nessa situação é porque não se esforçam, veja os imigrantes, se<br />
esforçaram e venceram!”<br />
De certa forma, esses professores(as) já partiam da ideia de um fracasso inato<br />
e de uma situação socioeconômica já naturalizada, criando uma invisibilidade<br />
para as crianças e jovens negros que estavam presentes nas suas salas de aula,<br />
como se não houvesse nada a fazer, já que eles mesmos eram responsáveis por<br />
aquela situação. Para isso reforçavam argumentos presentes no seu imaginário, os<br />
quais, embora parecessem um mero preconceito, estereótipo ou senso comum, ao<br />
nos aprofundarmos nas imagens que eles suscitam, percebemos concepções e imagens<br />
simbólicas cristalizadas, tanto por meio das narrativas bíblicas e das grandes<br />
escrituras como pelas teorias racistas fomentadas no século XIX ou os discursos<br />
liberais de igualdade que conduzem a uma visão com relação ao mérito, à competição<br />
e à hierarquização.<br />
Observei, portanto, a partir do mapeamento do imaginário dos(as) professores(as),<br />
que as imagens do negro no espaço escolar quase sempre aparecem com<br />
descrições negativas e que trazem à tona uma série de preconceitos presentes no<br />
imaginário da cultura escolar como um todo. A constelação simbólica sugerida nos