15.05.2013 Views

Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

206 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

Mas Que Invasão a Minha!<br />

É preciso muito cuidado para não romper o fio já tênue que faz aterrissar<br />

no presente real, as notícias velhas como novas, frescas, mas que a um sopro podem<br />

se desvanecer e perder o “rumo da prosa”, trocar datas, substituir, em uma<br />

ilógica cronologia, os personagens, os nomes e sobrenomes; a confusão considerada<br />

por James Hillman (2001). É preciso paciência, mas mais que tudo amar<br />

os outros, estes outros já enrugados, fungando com nariz correndo, olhos purgando,<br />

com vozes fracas e sorrisos largos, alguns sem dentes, que mãos trêmulas procuram<br />

esconder, na vergonha preconceituosa ou vaidosa da ainda consciência do<br />

valor da beleza e da juventude de uma face lisa e de uma boca que sorri com todos<br />

os alvos e perfilados dentes, hoje inexistentes ou poucos. Mas alguém já disse,<br />

uma cara lisa não faz biografia! Os bordados ou tracejadas linhas no rosto que<br />

continua a jornada, as rugas que se abertas uma a uma deixam saltar de si histórias<br />

vividas, vida construída na dor e na alegria da existência longeva. Escuto e<br />

gravo; claro que, como já disse, com a permissão concedida antecipadamente pelo<br />

depoente idoso.<br />

Fragmentos Pontuados: Histórias Revividas e<br />

Registros no AT-9<br />

Reparto alguns fragmentos pontuados das histórias que ouvi, esquecendome<br />

por vezes da academia e sentindo com o coração, ouvindo com os ouvidos<br />

d’alma.<br />

Dona Zizi, alcunhada por nós “a artista”, com 71 anos, dramatiza:<br />

“Era uma vez, um arco do céu que o corta ao meio, deixando do lado de<br />

cima o sol e a lua e na parte de baixo a terra e a água. Tudo isto é o céu, que<br />

as nuvens, personagens, movimentam e modificam. O arco.”<br />

A artista conta que faz teatro e que em seu desenho fez um arco-íris, que<br />

teima em chamar de o arco do céu, que segundo ela nasce e se esconde onde o<br />

gado morre e as plantas secam. Conforme Chevalier e Gueembrant (1989: 77)<br />

“o arco íris é caminho e mediação entre o céu e a terra, é a ponte de que se servem<br />

os deuses e heróis, entre o Outro-Mundo e o nosso”. Intitulou sua obra de<br />

arte/desenho de: “Céu”. Nesse céu colocou uma queda, o arco que nasce e cai do<br />

outro lado, fazendo a volta no mundo e reaparecendo em outro lugar. Lembro aqui<br />

Paula Carvalho (1999: 38) que compara a vida ao sol, “que mesmo em se pondo,<br />

no crepúsculo, continua Além, auroral, e sua morte é aparente, na verdade,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!