Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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202 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />
seriada, gradual e eminentemente pessoal, sem esquecer que o homem é um sócio<br />
e que em sociedade precisa viver e interagir, sendo como é um ser de interação.<br />
Não fora essa interação, o processo da vida seria menos complexo, pois é na<br />
troca, no convívio, que o homem se vai completando, o que só se completará na<br />
morte. A incompletude do homem é o que o faz procurar sempre mais crescer e<br />
se atirar para novas e renovadas ações e buscas. Não adianta querermos simplificar<br />
as coisas, tanto mais quando se trata de entender e atender à velhice. Somente<br />
na complexidade estaremos propugnando para uma formação adequada ao ser<br />
humano envelhecendo ou já envelhecido, o velho. Os conhecimentos são também<br />
passíveis de envelhecimento, de contestações e mesmo de descrédito ou inadequação<br />
em momentos diferentes e espaços diversos da vida e do mundo.<br />
Causa tristeza encontrar idosos analfabetos. Mas causa satisfação ao encontrar<br />
grupos de idosos aos 60, 70, 80 anos ou mais se dedicando ao desafio de juntar<br />
letras, de colocá-las pela primeira vez em “carreirinha”, como disse a idosa dona<br />
Coragem, de segurar um lápis e de aos poucos ir ganhando o alargamento da sua<br />
visão de mundo, lendo jornais e livros. Ler e escrever passam a ser motivos para<br />
o projeto de vida para muitos idosos.<br />
Aqui entra o trabalho das Universidades Abertas à Terceira Idade (UnATIs)<br />
e de centros ou núcleos de convivência que têm se dedicado a aprimorar seus<br />
métodos deslocando a proeza de alfabetizar crianças para se dedicar a essa alegria,<br />
que não era sem tempo, tardia em relação aos outros, satisfação no apagar das luzes<br />
com o clarão das letras que se tornam de repente legíveis, que se abraçam na dificuldade<br />
de mãos calejadas que dificultam a coordenação motora, ágeis a empunhar<br />
enxadas pesadas, movimentar tornos, pilar feijão, etc., e que agora precisam<br />
se tornar leves para manusear um simples lápis ou caneta.<br />
Um Grupo de Idosos Analfabetos<br />
Em minhas pesquisas tive a oportunidade de estar com um grupo de idosos<br />
que buscavam aprender a ler e escrever, se alfabetizar em um centro de convivência<br />
em Cuiabá. Muito aprendi sobre educação de idosos, convivendo com<br />
eles. Encontrei um local alegre e descontraído voltado à dita terceira idade, para<br />
idosos. Ao chegar ao Centro fui, prontamente, reconhecida, pois lá já havia estado<br />
uma outra vez para conhecer o trabalho ali realizado, sua organização, atividades<br />
desenvolvidas com os idosos e esta atividade de alfabetização. Já daquela<br />
feita os idosos, a direção e os professores do Centro me receberam muito bem.<br />
Comecei a falar com os idosos que logo se colocaram à disposição com ressalva:<br />
“não sabemos nada!”.