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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Conhecer é descolar rótulos 57<br />

to a própria natureza humana. De saída, portanto, proponho que nos identifiquemos<br />

com rotuladores e rotulados, em idêntica medida.<br />

A matéria que foi, por fim, editada e publicada na tal revista era um cut-andpaste<br />

superficial e previsível de opiniões de vários especialistas em educação (eu<br />

entre eles, muito embora não me considere, de modo algum, uma especialista),<br />

a qual não conseguiu, a meu ver, decolar para além dos clichês. Mas a faísca inicial<br />

produzida pela oportunidade serviu para me colocar no encalço do tema. Somente<br />

busquei, em minhas respostas, um tom um pouco desviante da norma que<br />

pauta os discursos sobre a educação, para abordar, sem pretensões teóricas, o problema<br />

da irredutível inclinação humana para “designar uma pessoa apenas por uma<br />

palavra ou expressão”. Minha opção por investir mais na imagem do que no conceito<br />

tinha, agora e então, por finalidade encontrar um fio narrativo que mobilizasse,<br />

em meu leitor e em proporções semelhantes, o sentimento, a imaginação<br />

e a racionalidade.<br />

Assim, comecei por tentar co-implicar a mim, ao meu leitor-educador (formal<br />

e informal) e ao objeto que partilhamos, visando construir, já na entrevista<br />

que serviu de embrião a este capítulo, um ponto de vista mais memorioso e<br />

fabulador do que propriamente técnico e teórico. De braços com as perguntas,<br />

deixei-me viajar pelo que denominei “um imaginário dos rótulos”, termo que bem<br />

pode ter sido apropriado de algum outro contexto. Ao colocar-me nesse ponto de<br />

vista, pretendi ativar outro olhar sobre um assunto aparentemente banal, recorrente<br />

e incômodo, propondo assim, ao meu leitor, mais um dilema do que propriamente<br />

um debate.<br />

Em minha história de vida de educadora-educanda (que remonta aos seis<br />

anos de idade e ainda não se encerrou), percebo, não sem certo desânimo, como<br />

o discurso escolar oficial, porta-voz da cultura escolar patente, longe de mobilizar,<br />

no nível da ação, os encaminhamentos devidos e eficazes para elaborar o problema,<br />

ao contrário, suscita defesas de toda sorte, as quais têm por prioridade, não<br />

a busca de elaborações capazes de desembaraçar alguns dos nós que impedem a<br />

realidade de fluir, mas a preservação da “persona escolar modelar”, ou seja, da imagem<br />

institucional que a cultura da organização pretende projetar, de si, no mundo.<br />

É claro que me refiro aqui mais à escola privada do que à pública, posto<br />

que esta última, de modo geral, conta com menos recursos para investir nessa<br />

“fachada simbólica” coerente e eficiente, o que implica certa identificação da<br />

escola pública com a sombra da educação formal e produz, como efeito colateral,<br />

uma veracidade feroz e indesejável. As próprias instituições carregam, portan-

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