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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Princípios para uma educação afro-brasileira 163<br />

E a pessoa aprende as suas possibilidades de desenvolvimento a partir do<br />

seu olori, orixá “dono da cabeça”. E cada orixá é a personificação de uma das<br />

forças presentes nas matérias primordiais. O indivíduo aprende no cotidiano a<br />

aceitação de si mesmo, aprende suas possibilidades, suas potencialidades e suas<br />

dificuldades.<br />

Há aqueles que possuem orixás cujo elemento é a água. “Estas divindades<br />

relacionam-se com a fecundidade e a riqueza, a feminilidade e a maternidade. Distinguem-se,<br />

globalmente, pelo charme, pela sensibilidade, pela emotividade, pela<br />

ausência de agressividade” (Lépine, 2000: 147).<br />

A água é muito difícil de se deter, com seu jeitinho quieto escorre por entre<br />

as rochas mais resistentes formando fendas e abrindo seu caminho. Olocum, que<br />

detém o poder dos búzios, é a dona dos mares. Olocum é responsável pela fecundação<br />

do mundo e pela prosperidade da vida.<br />

“O mundo foi criado por Olorum e sua mulher Olocum. Eles tinham a<br />

mesma idade. Da união de Olocum com Aiê, a Terra, nasceu Iemanjá. Da<br />

união de Iemanjá e Aganju nasceram os outros deuses. Mas Olorum separou-se<br />

de Olocum e por longo tempo ambos brigaram pelo poder de reinar<br />

na Terra. Certa vez Olocum quis demonstrar seu poder. Olocum invadiu a<br />

terra com suas águas e destruiu parte da humanidade com essa catástrofe. Só<br />

não foi pior porque Olorum, de onde estava, estendeu uma corrente que<br />

descia à terra e os homens subiram às montanhas, salvando-se assim a espécie<br />

humana. Os sobreviventes consultaram Ifá e fizeram oferendas para apaziguar<br />

Olocum. Com a corrente usada para salvar os homens, Olorum atou<br />

Olocum ao fundo do mar. Lá está ela até hoje, acompanhada de uma gigantesca<br />

serpente marinha, que, na lua nova, segundo contam, mostra sua cabeça<br />

fora d’água. Olocum propôs um pacto a Olorum: Olocum não teria mais<br />

poder na Terra, mas a cada dia faria os homens sentirem sua força, que brota<br />

das profundezas do oceano. O ser humano tinha que saber, tinha que sentir<br />

que seu poder era de vida e morte. Era o que queria Olocum, e Olorum<br />

concordou. Assim, a cada dia, quando alguém se afoga no mar, Olocum<br />

recebe uma vida humana em sacrifício. Todos temem o poder de Olocum.<br />

Todos os dias, alguém se afoga no mar” (Prandi, op. cit.: 403-404).<br />

Os traços dados pelas águas, dos rios e dos mares, estão presentes em Iemanjá,<br />

Oxum, Obá e Euá. Iemanjá é vaidosa, aprecia joias, perfumes e adora receber<br />

presentes: “Calma, séria, cheia de dignidade. Sensual, fascinante, ela cuida com<br />

muita vaidade da aparência” (Lépine, op. cit.: 147). Oxum, divindade da fertilidade,<br />

fecundidade e maternidade: “Delicadas, graciosas, costumam ser muito bo-

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