Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Subjetividade e educação 23<br />
espaços, da afetividade e do afetual (o instituinte, o polo do plasma existencial),<br />
as organizações grupais no seu sentido afetivo. Aqui, Paula Carvalho estabelece também<br />
para um dos polos os aspectos lógico-cognitivo-representacional, fazendo parte<br />
do campo das ideações, ou seja, um conjunto que compõe a cultura patente, e<br />
para o segundo polo o aspecto residual-afetivo-imagético, as fantasmatizações, o<br />
que corresponde à cultura latente. No primeiro caso, o que se tem em análise é<br />
o nível racional de funcionamento do grupo, suas funções pragmático-reflexivas<br />
que se instauram e instituem a partir de molduras macroestruturais; no segundo<br />
caso, ou cultura latente, em análise o nível afetivo ou o que Paula Carvalho nomeia<br />
“polo fantasmático-imaginal das interações grupais”, regido, pois, pelo inconsciente<br />
grupal.<br />
É importante retomarmos que, se considerarmos cultura como tudo o que é<br />
instituído (códigos, normas, etc.), há de se considerar, por outro lado, que o é também,<br />
ao mesmo tempo, tudo o que caracteriza o instituinte, ou seja, a cotidianeidade<br />
ainda não estabelecida pelas normatizações e padrões socialmente aceitos. Caracteriza-se,<br />
então, a cultura como um circuito entre o “núcleo duro” e as “franjas<br />
turbilhonares”, ou a definição dada por Maffesoli como sendo a “trajetividade” entre<br />
polos distintos, o que nos leva à “polarização” e não a dicotomias, ou também<br />
ao chamado desde Morin e G. Durand como circuito dialético entre a repetição/<br />
diferença e o desejo/horizonte histórico, sempre em “recursividade organizacional”.<br />
Falamos de uma trajetividade na qual se configura a organizacionalidade profunda<br />
da cultura, segundo Morin, ou não mais um mundo objetivo face a um mundo<br />
subjetivo, segundo Maffesoli, mas a concepção “trajetiva” de mundo. Cultura<br />
entendida, então, como centrada no “trajeto” ou “circuito”, nas polarizações entre<br />
o “instituído” e o “instituinte”, o “patente” e o “latente”, o cognitivo e o afetivo,<br />
ou, retomando Paula Carvalho quando cita Franco Crespi (1983), entendendo<br />
cultura à luz das mediações simbólicas, possibilitadas “(...) plenamente no jogo<br />
entre determinações e indeterminações (...).”<br />
Diante do exposto, o circuito estabelecido pela trajetividade é entendido<br />
como a própria mediação simbólica e a cultura como sendo o universo dessas<br />
mediações, ou quando se parafraseia Morin, dizendo que “(...) “cultura” agencia<br />
um “policulturalismo” cujo reconhecimento e acolhida são extremamente importantes<br />
para se evitar o etnocentrismo (...)” e, por conseguinte, fundamentais no<br />
acolhimento das diversidades e na reflexão sobre o sentido, teor e oportunização<br />
para uma possível intervenção. Tem-se uma concepção de cultura que, segundo<br />
Paula Carvalho (1994: 54), assume-se como um elo que une os “sistemas simbólicos/códigos/normas<br />
e as práticas simbólicas cotidianas” que interagem pela