Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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O desafio de juntar letras, rever e aprofundar conhecimentos... 209<br />
explica separadamente, apontando as imagens representacionais registradas no<br />
protocolo, com o cuidado de identificá-los (talvez, se soubesse escrever, teria colocado<br />
o nome em cada um), dizendo não saber desenhar bem, mas que “tudo<br />
era importante ser desenhado e não tiraria nada...”, porque a faz lembrar. Ela<br />
mostra no registro pictórico: “aqui está o peixe dentro d’água, mas o mais importante<br />
é..., como se diz..., como é o seu nome (o nome do elemento do teste)?”.<br />
Ela se pergunta para cumprir a ordem do teste e lembra: “o personagem”. Continua<br />
apontando os registros imagéticos no desenho/protocolo: “aqui vem o passarinho<br />
e o gado beber água e aqui é a cascavel com o maracá no rabo”. E continua:<br />
“este é o homem, a cobra, a fogueira, a faca, a espada, o ‘esconderiu’, o açude, o<br />
pé de juazeiro”. E diz: “eu fui ajuntando tudo”. A realização do teste lhe trouxe a<br />
oportunidade de lembrar e relembrar e de lamentar não saber escrever.<br />
Outra conta: Um dia o homem viu a cobra (monstro) e correu fugindo dela –<br />
“o monstro queria pegar o homem”; ao correr, o homem caiu, mas eu não caí, diz a<br />
octogenária. Ao cair, o homem imaginado, e a menina real do passado, pegou um<br />
pau (espada) e matou a cobra. “O monstro foi morto pelo homem”. Quer dizer,<br />
o personagem no qual ela se projeta como homem venceu o monstro Yvesdurandiano,<br />
conforme a teoria que embasa o teste, a Antropologia do <strong>Imaginário</strong> de G Durand:<br />
venceu o medo da morte. A realização do teste lhe trouxe a oportunidade de lembrar<br />
e relembrar e de lamentar não saber escrever e deu-nos a chance de vislumbrar nela<br />
fiapos de coerência mítica para identificar um imaginário com estrutura disseminatória<br />
diacrônica.<br />
A Reciprocidade do Ensinar e Aprender: Uma<br />
Experiência com Mestrandos e Alunos<br />
Idosos na UCB<br />
No estágio docente do mestrado em gerontologia da Universidade Católica<br />
de Brasília (UCB), onde atuo como professora, tenho a oportunidade, compartida<br />
com outra professora do curso 2 , de ver mestrandos exercitando o processo ensino-aprendizagem<br />
com alunos idosos da Universidade Aberta à Terceira Idade<br />
(UnATI/UCB). São momentos de revisão e aprofundamento dos conhecimentos<br />
trazidos pelos idosos da classe, mas também a oportunidade de aprender novidades<br />
sobre saúde, postura, alimentação, higiene bucal, corporal e da alma,<br />
sexualidade, socialidade e satisfação pessoal. É gratificante ver pessoas ávidas por<br />
1. Professora-doutora Maria Lis Cunha.