Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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128 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />
– Por quê?<br />
– Porque preto é sujo, preto é fedido, preto não presta!!<br />
– De que cor você gostaria de ser?<br />
– Branco!<br />
Desse modo, utilizamos a literatura explorando-a para a fruição estética, para<br />
o desenvolvimento da imaginação, mas também como pretexto para explorar de<br />
forma eufemizada, que foi trazida à tona na fala dos(as) alunos(as), as questões<br />
sobre sua própria autoimagem, ponto inicial do processo de transformação. Em<br />
um trabalho próximo ao que Sanchez Teixeira define como uma “pedagogia do<br />
imaginário”:<br />
“Apostando nessa possibilidade, penso no olhar oximorônico proposto por<br />
Paula Carvalho (1986, 1991) através da culturanálise de grupos, a qual nos<br />
permite apreender tanto os traços culturais estruturadores da sua identidade<br />
‘oficial’ quanto aqueles que, gestados nos espaços intersticiais, fronteiriços<br />
entre o instituído e o instituinte, reconfiguram sua imagem, abrindo espaço<br />
para uma pedagogia do imaginário. Pedagogia que, ancorada em uma ‘razão<br />
simbólica’, nos ensine a desaprender a pedagogia oficial, a integrar razão e<br />
imaginação. Pedagogia do imaginário que, ao estimular o ‘imaginário<br />
aprendente’, atribua sentido à educação e revalorize o humano” (Sanchez<br />
Teixeira, 2008a: 2).<br />
Dinâmica “olho-no-olho” e a reconstrução da autoimagem<br />
Após esse primeiro momento, passamos à dinâmica “olho no olho”. Colocamos<br />
as crianças em círculos e pedimos para formarem pares. Somente um par<br />
a cada vez se dirigia ao centro do círculo. Cada criança devia olhar o outro e dizer<br />
o que possuem de semelhanças e diferenças entre si. Após um primeiro momento,<br />
a classe poderia ajudar, e então troca-se o par do centro do círculo.<br />
A atitude das crianças com relação a essa dinâmica foi bem interessante; a dificuldade<br />
em verbalizar as diferenças na cor da pele, na textura dos cabelos, na altura,<br />
traços físicos, etc., foi muito importante para que elas se vissem e se percebessem. É<br />
claro que elas se veem todos os dias, mas não da forma como estava sendo proposto:<br />
a construção de um olhar que olha para o outro mirando a si mesmo.<br />
É importante frisar que muitas crianças não quiseram participar, e uma delas,<br />
de traços indígenas e negros, foi para baixo da mesa e a muito custo, com<br />
muita paciência e dedicação, foi retirada de lá.