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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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130 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

cor, credo, classe social ou universo cultural. A partir daí, as crianças começaram<br />

a mudar a relação consigo mesmas, com o outro e com o mundo. Nas falas posteriores<br />

observamos que olhar para elas com a importância, com o respeito e com<br />

a consideração que elas merecem produziu efeitos reveladores no imaginário de<br />

cada uma.<br />

Por que você tem essa cor?<br />

Continuando com esse processo de autorreconhecimento e valorização, outra<br />

pergunta que foi feita às crianças na realização da dinâmica “olho no olho”, partindo<br />

das diferenças nas características físicas que apontavam entre si, era sobre o<br />

porquê de terem a pele daquela cor, ao que elas respondiam:<br />

– Porque eu tomei muito sol!<br />

– Porque a minha mãe tomava muito café!<br />

– Porque eu caí na tinta quando pequeno!<br />

– Porque eu comi muita jabuticaba!<br />

Foi interessante perceber que as crianças negras deram respostas que não se<br />

relacionam com o fato de herdarem suas características físicas de seus antepassados,<br />

diferentemente das crianças de pele mais clara que respondiam orgulhosamente:<br />

– Minha avó era italiana!<br />

– Eu sou descendente de espanhóis!<br />

– “Puxei” o meu pai!<br />

A menina bonita do laço de fita<br />

Passamos à leitura de outro livro de literatura infantil, de Ana Maria Machado,<br />

intitulado Menina Bonita do Laço de Fita, que conta a história de um<br />

coelho apaixonado pela menina protagonista do livro que tem a pele escura. Ele<br />

pergunta a ela qual o seu segredo para ser tão bonita e tão pretinha, ao que a<br />

menina vai respondendo exatamente as mesmas coisas que as crianças responderam:<br />

atribuindo ao que come, toma ou faz o motivo para ser daquela cor, até<br />

o momento em que a sua mãe ouve a conversa e intervém:<br />

“A menina não sabia e já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada,<br />

quando a mãe dela, que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e<br />

disse:

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