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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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O imaginário sobre o negro no espaço escolar 129<br />

Depois de explorar e trabalhar com as diferenças e semelhanças entre cada<br />

um, foi pedido para as crianças desenharem um autorretrato, buscando registrar<br />

como elas se veem e se percebem no mundo. Muitas crianças negras se desenharam<br />

loiras e de olhos azuis, e se coloriram com o lápis “cor de pele”, a partir dos<br />

padrões de beleza colocados pela sociedade, nos quais a criança negra não se vê e<br />

não se reconhece, em imagens dos livros de literatura (Branca de Neve, Cinderela,<br />

Gata Borralheira, etc.), nos desenhos animados, na publicidade, nas novelas...<br />

Dessa forma, para lidar com a rejeição social à própria imagem que sentem,<br />

as crianças necessitam de um mecanismo equilibrador da própria angústia frente<br />

ao espelho:<br />

“Neste jogo entre o individual e o coletivo, para driblar a individualidade, a<br />

psique coletiva se mascara de psique individual. A esta máscara, Jung denomina<br />

persona, considerando-a como um segmento arbitrário da psique coletiva.<br />

No seu entender, persona é uma expressão extremamente apropriada,<br />

pois designava originalmente a máscara utilizada pelos atores, significando o<br />

papel que iam desempenhar. Embora a persona tenha uma aparência individual,<br />

visto que sempre tem algo do indivíduo, ela é uma máscara da psique<br />

coletiva, destinada a produzir um determinado efeito sobre os outros, ocultando<br />

ao mesmo tempo a verdadeira natureza do indivíduo” (Sanchez Teixeira,<br />

2008b: 5).<br />

Portanto, desenharem-se com as características citadas é uma forma de optar<br />

por uma máscara, por uma persona, para ocultar a sua verdadeira natureza, a<br />

sua própria imagem, pois retirar as máscaras vestidas perante um imaginário tão<br />

negativo sobre o negro, olhar para si mesmo se despindo das máscaras e personas<br />

coletivas, torna-se um processo muito doloroso.<br />

Buscando transformar essas questões e procurando trazer para as crianças uma<br />

identidade e autoimagem positivas, por fim, realizamos a “dinâmica do espelho”.<br />

Colocamos um espelho dentro de uma caixa embrulhada em papel de presente<br />

e dissemos às crianças que ali dentro se encontrava a coisa mais importante<br />

do mundo! Que era preciso cuidar dela com muito carinho e tratá-la bem, frisando<br />

a necessidade de gostar dela e amá-la, aceitá-la do jeito que é, com seus gostos,<br />

com seus jeitos, com a sua beleza, com a sua cor!<br />

Assim, abríamos a caixa bem em frente ao rosto das crianças, e uma a uma<br />

ia vendo seu sorriso se abrir como pétalas de flor, ao se verem sem máscaras, tendo<br />

de lidar com o fato de serem o que há de mais importante no mundo, por serem<br />

crianças, por terem direito a sonhar e a serem felizes, independente de sua

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