Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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<strong>Educação</strong> e diversidade 153<br />
É preciso pensar a educação como conjunto de práticas socioeducativas que<br />
reorganizam o real, e neste contexto valorizar outras formas de linguagem, como<br />
a da imaginação, rendendo-se ao encanto do “de primeiro” com que se iniciam as<br />
narrativas locais que tão bem traduzem a face indecifrável do mito, que move o<br />
ser humano a se mergulhar nele mesmo.<br />
A educação que se dá na escola e a educação que se vivencia no meio sociocultural<br />
apresentam desdobramentos éticos, a saber: entre a organização burocrática,<br />
entendida como atividade-meio de controle, na qual veiculam as praxeologias<br />
oficiais, e a organização simbólica, que se dá nos grupos, onde se vivenciam outros<br />
saberes, surge a capacidade de reinterpretação cultural5 que perimetra o trajeto,<br />
constituindo o “sentido” na ação grupal.<br />
Assim, não se trata de contrapô-las, mas de tornarmos-nos sensíveis à sua<br />
interpretação. Intérpretes no sentido de que nos recomendam os hermeneutas,<br />
“sem a preocupação de juízo de valor”, assumindo uma tarefa mediadora, como<br />
se expressa Ricouer a respeito da criação propriamente humana: “o que deve ser<br />
interpretado num texto é a proposta de um mundo, o projeto de um mundo que<br />
eu posso habitar e no qual se possa revelar as possibilidades que me são mais próprias”<br />
(apud Ferreira Santos, 2003: 162).<br />
Diante desses resultados aqui expostos, fica evidenciada a necessidade de<br />
levar em conta a dimensão simbólica na organização escolar. Ao saber centrado<br />
na legitimação do instituído, já codificado, elaborado, consagrado na cultura escolar,<br />
acrescenta-se o saber que está às margens, não legitimado, por codificar<br />
ainda, que é a cultura dos grupos.<br />
A compreensão desse dinamismo traz um novo olhar para a escola, à medida<br />
que considera a diferença como fator de integração num universo social polarizado,<br />
no qual a conciliação de contrários põe em equilíbrio o homem e o meio,<br />
a natureza e a cultura.<br />
Referências Bibliográficas<br />
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1993.<br />
BADIA, D. D. <strong>Imaginário</strong> e ação cultural: as contribuições de Gilbert Durand e da Escola<br />
de Grenoble. Londrina: UEL, 1999.<br />
5. Reinterpretação cultural é aqui entendida com Herskovits (1952:598): “um processo no qual<br />
antigos significados são acrescentados a novos elementos ou mediante o qual valores novos mudam<br />
a significação cultural das velhas formas”.