Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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110 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />
Nesses sentidos aqui presentes, a escola é compreendida como “(...) um sistema<br />
sócio-cultural, isto é, um sistema simbólico constituído por grupos reais e<br />
relacionais, cujos projetos e tarefas se ancoram nos processos simbólicos definidores<br />
de sua ação e de sua identidade” (Teixeira et al., 2008: 172), sendo a gestão<br />
(acrescentemos: a avaliação) “uma prática simbólico-educativa.”<br />
Podemos comparar o termo “símbolo”, em Durand, a “nós” na tessitura do<br />
imaginário. Não se trata, como bem expõe Umberto Eco (1991: 195), ao explicar<br />
a teoria de Durand, de confundir “símbolo” com “signo” em geral, nem como<br />
uma “classe de signos” em particular, como signos religiosos ou insígnias, etc. Ao<br />
recorrermos às imagens que expomos a seguir para exemplificar as estruturas do<br />
imaginário, é tão-somente ao constatá-las como relacionadas a determinados esquemas<br />
(schèmes) do imaginário, de um modo muito semelhante ao qual a medicina<br />
considera seus “sintomas”. Daí a necessidade de as imagens serem consideradas em<br />
seu “sentido segundo”, no translado das “figuras” representacionais em direção aos<br />
schèmes. A descrição das dinâmicas basais do imaginário são o tema da obra magna<br />
de Gilbert Durand (1997), cuja exposição abreviada evitarei, por permitir uma<br />
falsa compreensão da teoria.<br />
Com base em Durand (1997), recorreremos à identificação dos Regimes<br />
(Diurno e Noturno) e das estruturas (heróica, mística e dramática), que caracterizam<br />
toda forma imaginária. Na mitologia clássica grega, apenas a título de<br />
exemplificação, podemos citar os mitos de Zeus, Ares e do deus solar Apolo (em<br />
sua grande batalha contra a serpente gigante Píton) como arranjos simbólicos<br />
caracteristicamente heróicos; Deméter (“A Terra Cultivada”), Dionísio e Orfeu,<br />
como característicos da “Estrutura Mística” do “Regime Noturno”; e Hermes,<br />
o mensageiro, como exemplo da segunda estrutura do mesmo regime, a “Dramática”.<br />
Mantemos as referências clássicas apenas a título de ilustração, haja vista<br />
a não possibilidade de exposição das estruturas de modo abreviado; e por se tratar,<br />
antes, de algo da ordem de “matérias elementares” do imaginário (para utilizar o<br />
termo de Gaston Bachelard) que de uma “tipologia”.<br />
Segundo Durand (1997), todas as três estruturas são respostas mobilizadas,<br />
no nível do imaginário, à “angústia originária”, ou seja à constatação da<br />
inevitabilidade da passagem do tempo e da morte. Essa consciência da “finitude<br />
do tempo” também apresenta suas imagens “diretas”, chamadas “imagens da angústia”,<br />
organizadas a partir de seus três esquemas (schemas): nictomorfo (trevas,<br />
fervilhamento); catamorfo (queda, profundezas, labirinto); e teriomorfo<br />
(animalidade nefasta, como a serpente Píton, a Hydra, etc.).