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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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48 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

“irracionalidades”, a não ser para quantificá-las, controlá-las e convertê-las em lucro4<br />

. Caso contrário, serão ignoradas, quando não eliminadas ou punidas. No nível<br />

macro, o domínio dessa ideologia expressa-se pela implantação de sistemas econômicos<br />

e políticos e, ao mesmo tempo, pela adaptação de indivíduos a normas,<br />

modelos sociais e ideais de produtivismo e de progresso.<br />

Mas não são somente esses os efeitos do processo de racionalização. A sociedade<br />

ocidental moderna também monopolizou a razão e o intelecto em detrimento<br />

da imaginação e do sentimento. A razão se tornou o grande mito do saber, da<br />

ética e da política, o único critério de estruturação social, de tal forma que um<br />

racionalismo exacerbado passou a mediar as relações entre os indivíduos (Morin,<br />

2001a). Deixou de ter sentido aquilo que humaniza os homens: a busca do conhecimento,<br />

de si, do outro e do mundo; as relações grupais de afetividade; as<br />

manifestações cotidianas dos mitos pessoais e grupais, com as ritualizações decorrentes;<br />

a necessidade de criar, de experimentar, de imaginar, segundo Gaston<br />

Bachelard, uma “poética do devaneio”.<br />

Nesse contexto, a escola passou a ser considerada gradativamente como uma<br />

instituição destinada a preservar, criar, divulgar o saber e a cultura oficiais. De<br />

acordo com Paula Carvalho (1985), enquanto grupo social/organismo burocrático,<br />

a escola vai organizar-se no sentido de agir como aparelho de reprodução de<br />

ordens (em Weber, econômica, política e ideológica) para exercer as funções clássicas<br />

da educação nas sociedades modernas: sociocultural, política e econômica.<br />

Para o autor, como processo sociocultural, a educação é um fenômeno intra<br />

e intergrupos comprometido com uma visão autoritária, de racionalidade positiva<br />

e de divisão social do trabalho. Ela articula a política da família aos processos<br />

secundários, sobretudo de profissionalização, garantindo a transmissão dos patterns<br />

of behavior. A ação educativa do grupo social-escolar situa-se, pois, nos quadros<br />

da moralidade conservadora e dos ideais da positividade: uma educação instrumental<br />

neutralizadora de conflitos sociais.<br />

A função política da educação, segundo o autor, embora deva referir-se à cidadania<br />

consciente, é, antes, político-ideológica, ou seja, de acordo com T. Herbert<br />

a quem cita, tal função consiste em fornecer “matrizes de ideologemas”, que são<br />

agregados de significação sem consistência semântico-lógica, mas dotados de grande<br />

carga efetiva. Mais do que levar ao conhecimento, os ideologemas induzem<br />

4. Um exemplo foi o experimento desenvolvido por Elton Mayo e sua equipe na Western<br />

Eletric americana, o qual originou a Escola de Relações Humanas.

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