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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Princípios para uma educação afro-brasileira 175<br />

“No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê,<br />

a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e<br />

dividindo vidas e aventuras. Conta-se que, quando o Orum fazia limite<br />

com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas. O céu<br />

imaculado do Orixá fora conspurcado. O branco imaculado de Obatalá se<br />

perdera. Oxalá foi reclamar a Olorum. Olorum, Senhor do céu, Deus<br />

Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais,<br />

soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.<br />

Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia<br />

ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás tinham saudade de<br />

suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados. Foram<br />

queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem<br />

vez por outra retornar à Terra. Para isso, entretanto, teriam que tomar<br />

o corpo material de seus devotos” (Prandi, op. cit.: 526).<br />

Olorum, também conhecido como Olodumare, é o Princípio Universal que<br />

deu vida a tudo o que existe. Ele é o portador do sopro de vida, mas não mantém<br />

um relacionamento com os humanos. Os orixás são quem se comunicam com<br />

as pessoas.<br />

Obatalá vivia unido a Odudua no interior de uma cabaça. O primeiro na<br />

parte de cima e a segunda na parte de baixo. Segundo Santos (op. cit.: 60), “o àiyé<br />

é o nível de existência ou o âmbito próprio controlado por Odùduwà, poder feminino,<br />

símbolo coletivo dos ancestrais femininos, enquanto o orun é o nível de<br />

existência ou o âmbito próprio controlado por Obàtálá, símbolo coletivo do poder<br />

ancestral masculino”.<br />

Acredita-se que Nimrod, o egípcio, teria levado os povos negros que habitavam<br />

ao sul do Egito para o oriente. Odudua reuniu um grupo de seguidores,<br />

denominados ooye (os que foram salvos), sobreviventes de um dilúvio, e os levou<br />

para o ocidente, se estabelecendo em Ilê Ifé (Sàlámì, 1999: 17). Odudua, por ser<br />

muito querido e adorado, tornou-se um orixá. A cidade de Ilê Ifá é reconhecida<br />

como sendo o local do início do mundo. Com a morte de Odudua, o reinado foi<br />

dividido entre seus filhos, ancestrais dos vários grupos yorubá. Muitos desses ancestrais<br />

foram pessoas de grande valor social, sendo também divinizados pelos seus<br />

povos.<br />

As cidades yoruba tinham como rei algum descendente de Odudua, e, se<br />

o rei fosse o último da família, a escolha se dava entre os nobres da cidade, preferencialmente<br />

o mais admirado e reconhecido em seus valores. Os reis yoruba<br />

são assim a aliança entre o espiritual e o mundo terreno. Os reis, chamados de

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