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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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10 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

bilidades de afirmação entre as coisas e entre os homens, e por seu lugar na ordem<br />

exterior. Olha para dentro de si mesma – ela que, por longo tempo, se desocupara<br />

de si – e se estranha e se desconhece.<br />

Começou a adolescência. Mas não se suponha que todo esse estranhamento,<br />

que todas essas perguntas sejam formulados: são muito mais do que isso, são vividos.<br />

A adolescência é, pois, a nova fase do eu (sucedendo-se à primeira fase do<br />

mundo). É uma fase de comprometimento consigo mesmo, de busca de afirmação<br />

e de segurança e de autonomia. É por isso que é quase impossível alcançar a<br />

dimensão pessoal do adolescente – nunca chegamos até ele realmente. Sua solidão<br />

é, por vezes, inexpugnável e irremediável: o adolescente consegue fechar-se<br />

em seu ser pessoal e interior onde ninguém – vindo do vasto mundo exterior (e<br />

que não tenha sido escolhido por ele) – pode alcançá-lo. Vive seu eu e para seu<br />

eu. Luta por ele e por tudo o que lhe diga respeito: seu lugar ao sol no mundo<br />

adulto, suas verdades, suas repostas, seus valores, suas necessidades, seus direitos –<br />

e seus, e seus e seus... Perdemos muito tempo tentando oferecer (impor?) respostas<br />

externas ao adolescente: aquilo que ele tem por nossas verdades e nossos valores, as<br />

verdades e os valores do professor, do diretor, do padre ou do sábio, dos pais, não<br />

lhe interessam. Ele vive um momento do eu. É de suas respostas (e de encontrálas)<br />

que se trata – e não se satisfará com nada menos do que elas. E, por isso mesmo,<br />

simplesmente não se satisfará. Não, enquanto for adolescente... E enquanto<br />

não encontrar, por seus próprios meios, as respostas que lhe permitam afirmar-se<br />

(provisoriamente, embora) e sentir-se seguro (provisoriamente, embora) no mundo<br />

externo e adulto em que deve se inserir e viver, permanecerá solitário, inacessível,<br />

inseguro e – em defesa de si mesmo – agressivo (salvo para com aqueles a quem<br />

tenha escolhido para partilhar-se).<br />

Contudo, aos momentos do eu seguem-se os momentos do mundo. E nosso<br />

adolescente terá esgotado, a partir de certo ponto, seus próprios recursos atuais<br />

de conquista de autoafirmação em seu mundo – e, desocupado de si mesmo,<br />

redescobrirá esse mundo em que se afirmou e em que existe. E terá deixado de<br />

ser um adolescente. Terá adentrado seu novo momento do mundo – a juventude.<br />

A adolescência fora um momento típico do eu. Agora, desocupado de si<br />

mesmo, aquele que está deixando de ser adolescente, tendo esgotado as próprias e<br />

atuais condições e possibilidades de indagar-se a propósito de si mesmo, desocupado<br />

de si volta-se para fora de si mesmo, descobre o mundo em que está – e adentra<br />

a juventude – o novo momento do mundo. Na vida do estudante esse momento<br />

em geral coincide com o final do período da escola média.

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