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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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166 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

O aprendizado sobre plantas e ervas é muito comum a todos que pertencem<br />

às comunidades de tradição afro-brasileira. O conhecimento sobre essas plantas<br />

e ervas acontece cotidianamente. O aprendizado sobre as folhas que são calmantes<br />

(ero), as que são excitantes (gun), as “folhas do ar e do vento” (eweafeefe), as<br />

“folhas do fogo” (eweinon), as “folhas da água” (eweomi), as “folhas da terra” (ewe<br />

ilê) e as “folhas da floresta” (eweigbo) é comum a qualquer pessoa, por mais simples<br />

que seja. O conhecimento de botânica é muito profundo para os afro-brasileiros,<br />

demonstrado nos estudos de Verger (1995) e Barros (1999, 1993).<br />

Os orixás ligados ao fogo são Xangô e Iansã. Nada mais encantador que as<br />

labaredas de uma fogueira. São brilhantes, quentes e vivazes. São lideres natos,<br />

amantes da aventura e da inovação. Não se intimidam diante dos riscos e têm um<br />

jeito dinâmico e criativo de encarar a vida.<br />

Xangô é um guerreiro que matou um monstro, um animal feroz que devorava<br />

os homens e mulheres (Prandi, op. cit.: 250-251). “É orgulhoso, prepotente,<br />

teimoso; não ouve conselhos de ninguém e não admite jamais ter-se enganado (...).<br />

São atrevidos, valentes, agressivos e mesmo cruéis. Dizem que temem a morte não<br />

por covardia, mas por amarem demais a vida” (Lépine, op. cit.: 150).<br />

Ele possui um forte referencial interno, dando a impressão de egoísmo, pois<br />

vive de acordo com seus próprios princípios. É cheio de energia e criatividade. Não<br />

gosta de ser aprisionado, nem de dar explicações.<br />

“Xangô e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros<br />

de Xangô, capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte,<br />

sem piedade ou compaixão. As atrocidades já não tinham limites. O<br />

inimigo mandava entregar a Xangô seus homens aos pedaços. Xangô estava<br />

desesperado e enfurecido. Xangô subiu no alto de uma pedreira perto do<br />

acampamento e dali consultou Orunmilá sobre o que fazer. Xangô pediu<br />

ajuda a Orunmilá. Xangô estava irado e começou a bater nas pedras com o<br />

oxé, bater com seu machado duplo. O machado arrancava das pedras faíscas,<br />

que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados<br />

inimigos. A guerra perdida foi se transformando em vitória.<br />

Xangô ganhou a guerra. Os chefes inimigos que haviam ordenado o massacre<br />

dos soldados de Xangô foram dizimados por um raio que Xangô disparou<br />

no auge da fúria. Mas os soldados inimigos que sobreviveram foram<br />

poupados por Xangô. A partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado<br />

e cantado por todos. Através dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido<br />

a Xangô para resolver todo tipo de pendência, julgar as discordâncias e<br />

administrar justiça” (Prandi, op. cit.: 245).

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