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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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18 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

tenho algum)? Para que existo? Como posso conhecer as coisas? Que valor tem o<br />

que conheço? O que conheço, realmente? E então, tendo-se descoberto no mundo,<br />

voltado para si, faz de si mesmo a medida do mundo. A socrática era meu exemplo<br />

ocidental privilegiado: o homem, eis a medida de todas as coisas – a grande síntese<br />

socrática; e a grande ironia de Sócrates – tudo o que efetivamente sabe é que nada<br />

sabe... são os aforismos socráticos exemplares desse novo momento do homem. E o<br />

homem que sabe o mundo passa a indagar, agora, sobre o próprio homem. Quem<br />

sou? O que é a Verdade? E a Justiça? E o Bem? E a Vida? E a Morte?<br />

Se nos debruçarmos sobre a história da cultura ocidental, veremos que seu<br />

trajeto foi uma alternância de momentos de mundo e momentos de homem. E<br />

chegados ao nosso hoje, talvez se pudesse considerar que o século XX tenha sido um<br />

dos privilegiados momentos do mundo. O homem ocidental se debruçou sobre o<br />

mundo e devassou-o. Descobriu-o, criou-o, dominou-o. Foi um constante acréscimo<br />

de invenções, renovações e substituições de técnicas, explicações, previsões, transformações,<br />

destruições com que o homem agiu sobre e interferiu em praticamente tudo o<br />

que existia – e criou muito do que não existia.<br />

E tudo leva a crer que o século XXI, que começamos a percorrer (no plano<br />

natural) e a construir (no plano histórico), será um novo momento do homem.<br />

ONGs (Organizações não Governamentais), protestos, enunciação e cobrança dos<br />

direitos do homem (fazendo eco a um outro século do homem que declarara tais<br />

direitos e não conseguira impô-los), ênfase numa cultura da paz (apesar das constantes<br />

e disseminadas guerras), denúncias de colonialismos persistentes, ecos longínquos<br />

que acordam defesas de direitos, denúncias de infrações e declarações de<br />

princípios, chamadas à conscientização – tudo isso sem chegar a lugar algum? É. Precisamente,<br />

sem chegar a lugar algum – pelo menos até agora (quando mal começamos<br />

a adentrar a nova era que se anuncia). Mas se a história nos ensina alguma<br />

coisa, temos de convir que esse é o perfil de um anúncio ou de um prenúncio da<br />

mudança – que pode vir, ou não; dependendo do peso efetivo da conscientização<br />

relativamente ao da acomodação; do tônus de luta e mudança versus credo de vantagens<br />

pessoais; de novo espírito versus conformismo. E, mais uma vez, meus jovens,<br />

estamos em suas mãos – uma nova mentalidade, um novo credo, um novo<br />

decálogo, um novo panorama de convicções e um novo teor de resistência e de<br />

têmpera de luta – são algo que depende, sempre, das novas gerações.<br />

É tarefa que incumbirá maciçamente à juventude e à maturidade contemporâneas<br />

– como, de resto, todas as revoluções que promoveram as passagens dos<br />

grandes momentos da humanidade (não esquecendo que, alinhados à juventude<br />

e à maturidade comprometidas, haverá sempre representantes daquela catego-

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