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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Princípios para uma educação afro-brasileira 179<br />

de duração muito variável de acordo com as regiões, de acordo com os tipos de<br />

iniciação. Pode-se dizer que esse tempo específico é mais especializado que o tempo<br />

escolar da escola ocidental.<br />

As Artes Integradas ao Processo Educativo<br />

A arte africana preenche várias funções: religiosa, econômica, política e<br />

educativa. Os elementos de arte plástica combinam-se com representações dramáticas<br />

e danças específicas, bem como pedaços adequados da literatura oral. A<br />

pertinência dessa combinação participa da coerência e do caráter multidimensional<br />

das aprendizagens (Oliveira, op. cit.: 215-216).<br />

Os orixás são representados por objetos, cada um deles com uma estética bem<br />

característica, com suas cores, suas formas bem definidas. Esses objetos são as esculturas,<br />

os colares, etc., que são portadores e transmissores de conhecimentos<br />

muito específicos.<br />

Além desses objetos, temos as músicas e as danças cheias dessa dimensão<br />

estética. Os valores artísticos se manifestam na execução das músicas, nos toques<br />

dos atabaques e nas danças.<br />

O que mais caracteriza a arte afro-brasileira é a sua comunicabilidade, imediata<br />

e ampla, inerente à estética africana. Essa marca vem dos tempos coloniais.<br />

Os africanos, ao chegarem ao Brasil, trazidos à força, eram destinados à cidade ou<br />

ao meio rural. Os que eram destinados à cidade tornavam-se negros domésticos, e<br />

os levados ao meio rural eram os negros de campo. Nos dois ambientes existiam<br />

os negros de ofício.<br />

Os negros domésticos realizavam as tarefas da casa. Eles faziam de tudo. Os<br />

negros de campo formaram a mão de obra agrícola, realizando o trabalho braçal nas<br />

lavouras, arando, plantando, colhendo, etc.:<br />

“O Brasil não se limitou a recolher da África a lama de gente preta que lhe<br />

fecundou os canaviais e os cafezais; que lhe amaciou a terra seca; que lhe<br />

completou a riqueza das manchas de massapé. Vieram-lhe da África ‘donas<br />

de casa’ para seus colonos sem mulher branca; técnicos para as minas; artífices<br />

em ferro; negros entendidos na criação de gado e na indústria pastoril;<br />

comerciantes de panos e sabão; mestres, sacerdotes e tiradores de reza (...)<br />

houve não só banda de música de negros, mas circo de cavalinhos em que os<br />

escravos se faziam de palhaços e de acrobatas. Muitos acrobatas de circo,<br />

sangradores, dentistas, barbeiros e até mestre de meninos – tudo isso foram

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