Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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Cultura, escola e sociedade: a educação de grupos sociais 49<br />
efeitos de desconhecimento, por serem alusões pela metade que jogam com a dinâmica<br />
da ilusão. A ideologia lida, pois, com um universo de representações<br />
distorcidas (estereótipos), que funcionam no nível do afeto e do desejo, isto é,<br />
do inconsciente, tornando o discurso falacioso, sem consistência lógica.<br />
Por fim, a função econômica da educação, como capital humano, articula,<br />
para Paula Carvalho, a formação da mão de obra qualificada – os recursos humanos<br />
na educação – com a gestão dos negócios educacionais, cuja funcionalidade<br />
supõe uma lógica econômico-administrativa e político-social de um sistema que<br />
define necessidades, investimentos e consumos produtivos.<br />
Em suma, a escola, baseada nessa visão racionalista de mundo, corresponde,<br />
segundo Maria Cecília Sanchez Teixeira (1990: 48), (apenas, diria eu) a uma concepção<br />
praxeológica de educação, que privilegia a adaptação a normas, modelos<br />
sociais e ideais de produtivismo e de progresso, entendendo-se praxeologia como a<br />
lógica de ação regida pela dimensão racional de fins e meios e a correlata consecução<br />
racionalizadora e ofélima, isto é, de otimização de recursos (Paula Carvalho,<br />
1985). Portanto, deve funcionar como mecanismo de controle social, independentemente<br />
de ideologias que a informam e de teorias que propõem modelos de<br />
ensino e de administração, visando garantir o bom desempenho dessa função.<br />
Entretanto, conforme Sanchez Teixeira escreveu em um de seus textos5 , ao<br />
pretender abarcar tudo, a razão preparou o caminho para o retorno da sensibilidade<br />
reprimida. Por não ser sensível à força do seu contrário, o racionalismo não<br />
soube integrá-la para temperar a sua pulsão hegemônica e, com isso, vem perdendo<br />
espaço.<br />
A Escola como Espaço Sociocultural<br />
Entretanto, ao contrário do que se acredita, a sociedade não pode ser considerada<br />
dicotomicamente, nem as relações entre os indivíduos obedecem a normas<br />
deterministas e mecanicistas.<br />
Segundo Abner Cohen (1978: 87), a sociedade, qualquer que seja seu tamanho<br />
ou complexidade, compõe-se de grupos de interesse que se confrontam,<br />
entram em competição, aliam-se, misturam-se e se interpenetram, de modo a<br />
proteger ou aumentar a parcela de poder que detêm. Tais grupos diferenciamse<br />
culturalmente, os mais fortes e organizados tentando impor sua visão de mun-<br />
5. “O <strong>Imaginário</strong> como Dinamismo Organizador e a <strong>Educação</strong> como Prática Simbólica” (dig.)