Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
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4 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />
os que foram meus colegas de Graduação e de Pós-Graduação, foram meus contemporâneos<br />
por, no mínimo, uma dezena de anos – ao longo dos quais partilhamos<br />
uma das dimensões fundamentais de nossas respectivas histórias pessoais. E, outros<br />
houve, que foram meus contemporâneos na universidade ao longo de mais de vinte<br />
anos. Histórica e socialmente falando, nossos contemporâneos (dependendo do<br />
corte que estabeleçamos) são todos os integrantes de uma mesma geração histórica;<br />
ou são todos os integrantes das gerações compreendidas entre os acontecimentos Y<br />
e Z que delimitam a vigência de certa homogeneidade de características culturais,<br />
períodos, pois, de duração variável na história da humanidade, ou de uma cultura,<br />
de um continente, de um país, de um povo, de um grupo, de um indivíduo.<br />
Demos a volta por cima, pois, na irrelevância do presente. Mas não o<br />
transformámos1 , por isso, na dimensão temporal relevante por excelência. Quer se<br />
trate do tempo físico ou do tempo histórico, a dimensão mais relevante do tempo<br />
não é o presente, nem é o futuro. É o passado. Não me tomem por passadista<br />
(ou saudosista). O futuro é a dimensão provocadora que, seja no plano pessoal,<br />
ou social, nacional, cultural, etc., nos solicita escolhas, decisões, sonhos, angústias,<br />
dúvidas – nunca certezas. O passado é a dimensão em que fixamos nossas<br />
âncoras. E é ao longo de nosso passado pessoal (bem como, é claro, do passado<br />
histórico de nossa geração e de nossa cultura) que aquilo que somos no presente<br />
se explicita, adquire sentido, adquire forma. E cria raízes permanentes ao se<br />
tornar passado. O presente até há pouco era futuro. Tornou-se presente, sim; mas<br />
irremediavelmente passará; não há como fixá-lo para vivê-lo por mais tempo<br />
quando nos cativa ou nos deslumbra. É um irremediável estado de passagem.<br />
Só adquirirá estabilidade histórica – completo e intocável – quando se tornar<br />
passado. Mais ainda do que de e numa perspectiva pessoal, na realidade social,<br />
nacional, cultural a dimensão histórico-temporal realmente relevante, consistente,<br />
estável e permanente – é o passado. Ora, eu não dissera que o homem dera-volta-por-cima<br />
da irrelevância do presente? Agora, face a tal configuração do passado,<br />
parece que não. Mas só parece...<br />
Criamos a contemporaneidade – eu disse que a criamos. E ela é o recurso humano,<br />
genial, para enfeixar as três dimensões do tempo – passado, presente e futuro –<br />
num único espaço-tempo humano, irreal e perfeito: em que as três dimensões, numa<br />
larga margem temporal, se tornam uma – e uma estável e significativa sede temporal<br />
de nossa vida: sede e dimensão em que vivemos e nos construímos como seres reais e<br />
realmente existentes.<br />
1. A acentuação, há muito inexistente, foi conservada como mero recurso, em vista do leitor,<br />
da percepção do sentido pretérito da declaração.