15.05.2013 Views

Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

52 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

Amplia-se, com isso, a concepção de educação para além do que se realiza<br />

atualmente na escola. Aliás, para além da escola.<br />

Na escola, o espaço comum, burocratizado – que molda coercitivamente hábitos<br />

e costumes do dia a dia – permite, paradoxalmente, o desenvolvimento de uma<br />

socialidade, de um “ser-estar junto com” (être ensemble), que cimenta as relações<br />

sociais que se dão em seu interior. A consequência disso é o fato de cada escola desenvolver<br />

uma cultura própria, que só pode ser apreendida, no cotidiano escolar, pela<br />

observação da complexidade e da heterogeneidade resultantes das relações entre os<br />

diferentes grupos – alunos, professores, funcionários, “turmas” (da manhã, da tarde,<br />

da noite), classes (de 1a série, etc.) – que agem em seu interior.<br />

Tal especificidade se deve não só ao lado institucional, à estrutura burocrática<br />

que imprime forte influência sobre o desenvolvimento de tais relações, mas,<br />

também, ao lado instituinte – as pequenas ações de todos os dias, a rotina escolar<br />

– que tem o poder de subverter a ordem dominante, imprimindo uma nova,<br />

resultante de como as injunções burocráticas são encaradas pela escola, dos interesses<br />

comuns, dos consensos e conflitos entre grupos e pessoas, da influência da<br />

cultura grupal sobre a instituição e, principalmente, do modo como o pessoal escolar,<br />

sobretudo os professores, veem a si próprios e seu papel, e são vistos pela<br />

comunidade.<br />

Isto é fundamental para a organização do espaço escolar não mais como uma<br />

instituição formalizada, quase imobilizada por regras e deveres, mas sim como um<br />

lugar de ensino-aprendizagem que se configura como um espaço de vida, de trocas,<br />

de desenvolvimento, cuja tarefa pedagógica é garantir que as interações entre<br />

indivíduos e grupos produzam uma cultura que retroaja sobre eles mesmos.<br />

Outra Escola, Outra <strong>Educação</strong>?<br />

Retomando o que foi dito no início deste texto, se a função dos grupos é<br />

organizar o comportamento e educar seus membros, e se a educação ultrapassa a<br />

mera função de instruir e ensinar, para ser mesmo um processo de hominização<br />

(tal como esse termo é entendido por Morin em sua vasta obra), talvez seja possível<br />

estabelecer outra proposta educacional que, sem desprezar os grandes temas<br />

universais, os quais, de resto, dizem respeito à humanidade como um todo e vêm<br />

impelindo o homem a descobrir e a conhecer cada vez mais o mundo que o cerca,<br />

portanto a si mesmo (pois, como nos alerta Morin, todo conhecimento é<br />

autoconhecimento), possa também considerar a escola, mais ainda, os alunos, a<br />

partir de suas especificidades culturais, permitindo uma concepção ampliada de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!