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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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224 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

Essa dimensão mística de urbe que protege, no seu interior, o indivíduo da<br />

agressividade polariza a agressividade da comunidade para o exterior – daí não se<br />

poder separar a representação “mística” do refúgio social da sua representação<br />

“heróica”.<br />

Aqueles que não pertencem à comunidade são considerados estranhos e,<br />

consequentemente, são indivíduos externos ao grupo – um perigo contra o qual<br />

se deve lutar para que a manutenção da paz e a segurança do refúgio não se alterem.<br />

A estrutura heróica se confirma porque a comunidade da polis implica um<br />

adversário mítico ou real. Por essa dupla dimensão é que se pode dizer que o “equilíbrio<br />

entre o elemento ‘místico’ e o elemento ‘heróico’ faz da cidade um refúgio<br />

onde as ressonâncias imaginárias são mais profundas” (Michel, 1972: 259).<br />

No processo de criação da ordem da cidade – que é uma qualificação dos<br />

espaços interno e externo – por meio da expulsão do caos para o exterior, o resultado<br />

é o surgimento de um estado impuro e dicotômico entre cidadão e estrangeiro<br />

– estranho, enquanto não pertencente ao grupo das instituições patentes,<br />

como os moradores de rua –, numa redundância entre eupatrida e metecos –<br />

metoikos. Esse refúgio que polariza os universos místico e heróico exige um processo<br />

de exclusão que não é acidental. Os muros desses espaços vitais são constituídos<br />

por limites morais encontrados na cultura do grupo. Esses limites revelam,<br />

também, o imaginário que os sustenta e que define a dimensão social e o espaço<br />

urbano permitidos aos moradores de rua. No entanto, somente o deslocamento<br />

dos moradores de rua permite a verdadeira percepção do espaço urbano e a dimensão<br />

mítica da cidade contemporânea, transformando o seu espaço em uma<br />

dimensão didática e pedagógica para aqueles que entendem o estranho como parte<br />

constituinte de si mesmo.<br />

Referências Bibliográficas<br />

CORBIN, Henry. Face de Dieu, Face de l’homme: herméneutique et soufisme. Paris:<br />

Flammarion, 1983.<br />

DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. Tradução de Hélder<br />

Godinho. Lisboa: Editorial Presença, 1989.<br />

________. Introduction à la mythodologie: mythes et sociétés. Paris: Albin Michel, 1996.<br />

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete.<br />

Petrópolis, RJ: Vozes, 1987.<br />

JUNG, Carl Gustave. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução de Maria Luíza<br />

Appy e Dora Mariana R. Ferreira da Silva. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

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