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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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Reflexos da cultura escolar sobre o processo... 115<br />

resultados certamente inócuos. Optei apenas pelo registro do ocorrido, comunicando,<br />

em particular, minha solidariedade a alguns pais de alunos. Ao grupo de<br />

professores, era impossível encarar a “culpabilização” que seria gerada em face do<br />

problema, em virtude da operação do próprio complexo da avaliação punitiva, que<br />

permaneceu preservado.<br />

Na Escola 2, por sua vez, nota-se maior predominância do “amarelo” e “vermelho”<br />

atribuídos pelo grupo reunido à avaliação da dimensão. Era perceptível<br />

na escola certa desestruturação, incluindo relato de tráfico de drogas, desestruturação<br />

visível até mesmo na situação da manutenção predial e dos vasos de plantas.<br />

Não obstante, observava-se certa abertura para a organização comunal, dada<br />

a estrutura predominantemente noturna do imaginário. Embora com perceptível<br />

pouca familiaridade com processos democráticos decisórios, tal característica era<br />

largamente contrabalançada por uma tendência ao diálogo franco. A avaliação das<br />

cores, diferentemente de uma sequência de “defesas” e “delações”, consistia no início<br />

do estabelecimento de pequenos “consensos” comunitários e da percepção da necessidade<br />

de mudança.<br />

Ao final do processo de consultoria e implementação do Indique, foi organizada<br />

uma reunião com todas as equipes gestoras das escolas, aberta aos membros<br />

dos Conselhos Escolares. A intenção foi avaliar o instrumento e o processo<br />

de avaliação nas escolas. A Escola 1 avaliou o instrumento como “desnecessário”,<br />

pois já contaria com “outros modos de avaliação”. Os representantes da Escola 2<br />

declararam que já não mais faziam parte da mesma escola de meses atrás, em virtude<br />

dos processo de transformação então iniciados.<br />

Conclusões<br />

No Indique, os resultados das avaliações participativas prestam-se pouco a<br />

valorações e comparações por parte de instâncias ou agências centralizadas. Uma<br />

escola com diversos “verdes” não apresenta, necessariamente, uma situação “melhor”<br />

que outra com diversos “amarelos” e “vermelhos”. Dada a mecânica do processo<br />

de avaliação, o sentido das cores atribuídas aos indicadores emerge e retorna<br />

a uma dinâmica intrínseca da comunidade escolar.<br />

Inclusive em virtude dessa característica, o instrumento se presta bem a um<br />

fortalecimento de uma autogestão e à construção de relações dialogais em instâncias<br />

internas e externas à escola, mas sua aplicação esbarra em dinâmicas profundamente<br />

arraigadas na cultura escolar que relaciona “avaliação” a “hierarquização”,<br />

“julgamento” e “punição”. Tais dinâmicas imaginárias grupais solicitam um paciente<br />

trabalho de transformação.

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